tempos de infância: linguagem e experiência
DOI:
https://doi.org/10.12957/childphilo.2022.69450Palavras-chave:
infância, tempos, linguagem, experiência.Resumo
Abordamos no ensaio os tempos de infância, tomando como horizonte a linguagem e a experiência. Walter Benjamin e Giorgio Agamben são os principais pensadores que nos ajudam a abordar sobre a frágil experiência na contemporaneidade, no sentido de que os modos de vida atuais estão repletos de vivências que não são transformados em experiência. Para restaurar a experiência é necessário compreender a infância enquanto condição de existência que acompanha toda a vida; é um sujeito que está exposto à historicidade e que faz história, história descontínua e de acontecimento singular. Para tanto, reacendemos pela potência poética de Manuel de Barros a relação entre tempos de infância, linguagem e experiência, pois apresenta-se aí a intensidade de um vivido que é destituído de um tempo sucessivo e cronológico. A potência criativa dessa linguagem possui no devir-criança o artífice para a criação de outra perspectiva na busca da fonte inaugural das palavras: avançar para o começo e chegar ao criançamento das palavras. A partir dessas abordagens construídas, compreendemos que juntos, Walter Benjamin, Giorgio Agamben e Manuel de Barros nos convidam para retomar a infância, na busca do sentido primeiro das palavras, que só o encontramos com a presença da infância. Trata-se, aqui, de não firmar uma verdade absoluta sobre as infâncias e seus tempos, mas de encontrar trilhas para pensar como constituir outras relações com e no tempo.
Downloads
Referências
Agamben, Giorgio. Infância e História. Destruição da experiência e origem da história. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.
Agamben, Giorgio. Ideia da Prosa. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.
Agamben, Giorgio. Homo Sacer. O poder soberano e a vida nua I. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004.
Araújo, Janice Débora de Alencar Batista; Costa, Rebeka Rodrigues Alves da; Frota, Ana Maria Monte Coelho. De chrónos à aión - onde habitam os tempos da infância?. Childhood & philosophy, Rio de Janeiro, v. 17, p. 1-24, 2021.
Arendt, Hannah. A condição humana. 11. ed. Rio de Janeiro. Forense Universitária, 2010.
Barros, Manuel. Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Planeta, 2003.
Barros, Manuel. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010.
Benjamin, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Obras escolhidas v. 1. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
Deleuze, Gilles; Guattari, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia 2, v. 3. São Paulo: Editora 34, 2012.
Deleuze, Gilles; Guattari, Félix. Devir intenso, devir animal, devir imperceptível. In: Deleuze, Gilles; Guattari, Félix (Orgs.). Mil platôs. Rio de Janeiro: Ed. 34 Letras, 1997, p. 11-113.
Foucault, Michel. Segurança, território, população. Curso no Collège de France (1977-1978). São Paulo: Martins Fontes, 1977/1978-2008.
Kohan, Walter. Infância, estrangeiridade e ignorância: ensaios de filosofia e educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
Kohan, Walter. Infância. Entre Educação e Filosofia. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
Kohan, Walter. A infância da educação: o conceito devir-criança. In: Kohan, Walter. (org.). Lugares da infância: filosofia. Rio de Janeiro: DP&A, 2004, p. 51-68.
Kohan, Walter; Fernandes, Rosana Aparecida. Tempos da infância: entre um poeta, um filósofo e um educador. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 46, p. 1-16, 2020.
Lapoujade, David. Potências do tempo. São Paulo: n-1edições, 2017.
Nietzsche, Friedrich. Assim falou Zaratustra. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995.
Nunes, Keyla Cirqueira Cardoso. Poesia, experiência, infância: um estudo sobre o acontecer infantil na poética de Manoel de Barros. 2015. 116f. Dissertação. (Mestrado em Letras) Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2015.
Schérer, René. Infantis - Charles Fourier e a infância para além das crianças. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.
Scotton, Maria Tereza. A representação da infância na poesia de Manoel de Barros. In: Anais da 27ª Reunião Anual da ANPEd - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação, Caxambu/MG, p. 1-13, 2004.
Skliar, Carlos. Infâncias da linguagem, infâncias da infância, memórias de infâncias: depois é tarde demais. Childhood & philosophy, Rio de Janeiro, v. 14, n. 30, p. 245-260. 2018.