escutando os adultos sobre proteção da infância e crianças em situação de rua no brasil urbano

Autores

  • suzana Santos libardi Professora Adjunta da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) - Campus Sertão, Alagoas, Brasil.
  • marit ursin professora associada pelo Centro Norueguês de Pesquisas sobre a Infância (NOSEB-NTNU), em Trondheim, Noruega.

DOI:

https://doi.org/10.12957/childphilo.2018.30572

Palavras-chave:

crianças em situação de rua, proteção da infância, infância

Resumo

Esse trabalho se localiza na área dos estudos da infância, que concebe a criança como sujeito ativo na sociedade e que é, entre outros fatores, marcado pela sua posição geracional perante outras gerações. Nessa oportunidade, refletimos sobre como são percebidas as crianças brasileiras que vivem no espaço urbano e em um contexto de adversidades muito específico: a rua. O objetivo foi conhecer de que forma os adultos percebem as crianças que estão em situação de rua, e como veem o dever de proteção da infância aplicado a essas crianças. Para isso, apresentamos os resultados de duas pesquisas qualitativas, realizadas separadamente pelas autoras, em três cidades diferentes do Brasil, das regiões Nordeste e Sudeste, contando com o total de 77 adultos. Eles participaram por meio de entrevistas individuais ou em grupo. Os registros dos trabalhos de campo foram analisados e geraram categorias que contemplam a questão de quem é a responsabilidade sobre crianças em situação de rua, e a proteção das infâncias marginalizadas. Baseado no trabalho empírico das duas pesquisas, percebemos que os adultos diferenciaram bastante as crianças em situação de rua das outras crianças que não fazem da rua a sua morada. Os participantes elegeram o Estado como o maior responsável pelas crianças em situação de rua. Para essa infância marginalizada, parte dos adultos elencou instituições estatais como as únicas responsáveis por prover algum trato às crianças em situação de rua; o qual não necessariamente se configurou como uma medida de proteção. A responsabilização e a punição foram mais evocadas pelos adultos do que a proteção. Como conclusão, vimos que os adultos não se sentiram convocados a proteger infâncias marginalizadas, por isso pensaram prioritariamente em sua própria proteção e beiraram a negligência para com essas crianças. O reconhecimento aos “pivetes” foi dado somente por vias negativas, pois a criança em situação de rua foi vista por alguns como um mal que age e sabe por que age – sendo este o único momento no qual essas crianças foram vistas de forma ativa.

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Biografia do Autor

suzana Santos libardi, Professora Adjunta da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) - Campus Sertão, Alagoas, Brasil.

Suzana Santos Libardi é professora adjunta do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) - Campus do Sertão, em Delmiro Gouveia, Alagoas, Brasil. É pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Infância no Semiárido de Alagoas (NEPIS), da mesma instituição. Pós-graduou-se em Psicologia (mestrado e doutorado) pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGP-UFRJ). Em 2016, defendeu tese sobre proteção da infância e relações intergeracionais; tendo discutido esses temas a partir da literatura dos estudos da infância e da psicologia (crítica) do desenvolvimento. Realizou doutorado sanduíche no exterior no Centro Norueguês de Pesquisas sobre a Infância (NOSEB-NTNU), em Trondheim, Noruega. Atua principalmente nos seguintes temas: infâncias, proteção e relações intergeracionais. E-mail: suzana.libardi@delmiro.ufal.br

marit ursin, professora associada pelo Centro Norueguês de Pesquisas sobre a Infância (NOSEB-NTNU), em Trondheim, Noruega.

Marit Ursin é professora associada pelo Centro Norueguês de Pesquisas sobre a Infância (NOSEB-NTNU), em Trondheim, Noruega. Conduziu um estudo longitudinal com jovens nos primeiros anos da idade adulta nas ruas de centros urbanos brasileiros como parte de seu mestrado em Antropologia e doutorado em Sociologia. Também trabalhou com crianças em contextos institucionais no México como parte do programa internacional de intercâmbio Marie Curie. Seu projeto de pós doutorado foi financiado pelo Conselho de Pesquisa Norueguês e tratava do impacto do tráfico de drogas na vida dos jovens que vivem em bairros pobres de cidades brasileiras. Seus principais interesses de pesquisa são crianças, jovens e famílias marginalizadas; estudos qualitativos, etnográficos e longitudinais; e transições sociais não convencionais relacionadas à infância, juventude e início da vida adulta. Ursin leciona cursos sobre direitos das crianças, métodos e ética em pesquisa sobre crianças. E-mail: marit.ursin@ntnu.no

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Publicado

2017-12-19

Como Citar

LIBARDI, Suzana Santos; URSIN, Marit. escutando os adultos sobre proteção da infância e crianças em situação de rua no brasil urbano. childhood & philosophy, Rio de Janeiro, v. 14, n. 29, p. 163–188, 2017. DOI: 10.12957/childphilo.2018.30572. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/childhood/article/view/30572. Acesso em: 2 maio. 2025.

Edição

Seção

dossiê