O ENCONTRO CULTURAL DE DIFERENTES MARGENS GEOGRÁFICAS ATRAVÉS DA ESCRITA DE PAULINA CHIZIANE E CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE

Resumo

Este artigo propõe um cotejamento das temáticas presentes nas narrativas de Paulina Chiziane e de Chimamanda Ngozi Adichie, nos romances Niketche – uma história de poligamia, Ventos do apocalipse, A cor do hibisco e Meio sol amarelo; duas escritoras africanas, com produções no período pós-colonial de Moçambique e da Nigéria, respectivamente. Aspectos como cultura, tradição, efeitos da colonização, as opressões patriarcais, a rigidez nos costumes da sociedade em que vivem, o difícil acesso à educação formal interferem na consolidação da produção literária de mulheres africanas. Entretanto, quando as mulheres escrevem, quando as mulheres negras se movem, elas movimentam toda a estrutura social, como afirma Angela Davis (2018). A análise considerou as especificidades das sociedades moçambicana e nigeriana, das possibilidades e desafios que Paulina Chiziane e Chimamanda Ngozi Adichie vivenciaram diante do cenário literário de seus países, bem como a relação que as duas escritoras têm com as línguas em que escrevem suas obras. Ativistas ou não, Chiziane e Adichie retiram da margem suas culturas, tradições, histórias e vozes para desmistificar a literatura africana e a ‘história única’ que foi contada sobre as mulheres negras africanas durante muito tempo.