AUTONOMIA E EPISTEME DO PENSAMENTO CRÍTICO AFRODESCENDENTE. APONTAMENTOS PARA A HISTORIOGRAFIA E CRÍTICA LITERÁRIA LATINO-AMERICANA

Resumo

O presente artigo discute a ausência das contribuições afrodescendentes para o processo de formação da literatura hispano-americana pela historiografia e crítica literária e curricularização escolar. Atribui-se ao fato a predominância dos referentes civilizacionais eurocêntricos na América Latina em virtude das relações coloniais no continente. Ao apresentar como operam e sistematizam-se as cosmogonias e as cosmovisões africanas no continente americano, pretende-se dispor de sensibilidades para melhor entender e articular, através da História, Antropologia e Filosofia, a crítica e a compreensão da produção literária afrodescendente na América Latina. Reflexo no propósito que releva a motivação das Epistemologias do Sul, ao aproximar os fundamentos tradicionais e sapienciais que aproximam África e América, bem como reflexões do Coletivo Decolonial, no propósito de (re)pensar os desdobramentos históricos, políticos e sociais da relação entre a Modernidade e Colonialidade para a América Latina, de dentro do que propôs o conceito “Cidade Letrada” (RAMA, 1985) o estudo destaca importância e centralidade do patrimônio ancestral e produção crítica da epistemologia afrodescendente genuína e independente – como Afrorealismo (DUNCAN, 2006); “Pedagogia da Cimarronaje” (MENDES, 2019); Pedagogia das Encruzilhadas (RUFINO, 2018), “Inscritura”(QUEIROZ, 2007) etc. – no intuito de melhor visibilizar a contribuição e compreensão cultural e intelectual africana e afrodescendente no processo de formação do pensamento fundamental e crítico latino-americano.