A BICICLETA QUE TINHA BIGODES’ E A CARTA DO MENINO N
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Resumo
O presente texto propõe desvelar o lugar da infância a partir das crianças narradoras apresentadas pelo escritor angolano Ondjaki. O estudo propõe-se a um diálogo com a obra literária A Bicicleta Que Tinha Bigodes(2012) e a pluralidade da infância presente nas discussões de Larrosa (2004), Kohan (2010), Kramer (2009). Nesse sentido, ancorou-se em uma escolha metodológica a partir das contribuições das diferentes áreas do conhecimento e suas relações com a infância. Ressalta-se, também, as contribuições do pensamento africano acerca do cuidado de si e do outro, ou seja, uma ética da sensibilidade, constituída pelo equilíbrio das relações de existência, pois há seres coisas e há seres humanos que se harmonizam em convivência plena. Ainda por este estudo, evidenciou-se o que a literatura provoca-nos a pensar acerca das infâncias, da alteridade e da ancestralidade. A ideia central deste texto pauta-se em uma permeabilidade conceitual que possa ser aporte para pensar qual é o lugar da infância, a partir das imagens literárias da obra mencionada e do contexto angolano de resgate de afetos e defesa de um poder político pós-independência que se assentava como hostil e belicoso. Talvez também seja possível pensar que a importância da infância seja equivalente a um resgate da utopia, tal como a revolução foi a utopia da geração anterior aos anos 80. Essas escolhas, em busca de entrecruzar literatura e infância, permitiram um olhar ao que diz o Menino N, ou menino narrador, em narrativas de uma infância vivida em Angola, em um momento histórico marcado pela guerra civil e pela presença soviética e cubana em Angola. Importa dizer de um narrar a vida ainda em estado de infância.
Palavras-chave: Infância. Menino N. Ondjaki.
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