“NO ESPAÇO INTERIOR DE CADA POEMA”: O DIÁFANO E O PALPÁVEL NAS “ARTES POÉTICAS” DE SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

Resumo

Este ensaio busca identificar, apresentar e discutir conteúdos e conceitos dos cinco textos “Arte poética”, da poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen. Uma sintética e pontual retrospectiva do conceito inicial de “arte poética” e a leitura de uma seleção de poemas da autora permeiam essa sondagem pelo sentido de suas “Artes poéticas”. Assim, como pré-requisito, é realizada uma breve retomada de significados do termo “arte poética”, inclusive sendo tratados alguns pontos da Arte Poética de Horácio, a chamada “Carta aos Pisões”. Ainda, nessa contextualização, fazemos uma referência à fundamental Poética, de Aristóteles, e ao poema Arte Poética, de Nicolas Boileau-Despréaux. Em seguida, são esmiuçadas sequencialmente as “Artes poéticas” de Sophia de Mello, pequenos textos nos quais, de modo geral, essa poeta tece considerações sobre seu processo de escrita e seu pensamento sobre poesia. Concomitantemente, são colocados em discussão alguns poemas da autora, em termos tanto analíticos quanto comparativos às suas “Artes poéticas”, tendo em vista os tópicos: desígnios do fazer poesia, entendimento da própria poesia, do lugar e do papel do poeta, assim como a relação que se coloca entre poesia e poeta. Será uma oportunidade para ponderar de qual forma alguns de seus poemas se relacionam com o ideário de suas “Artes poéticas”. A princípio, serão poéticas ligadas à exatidão, à objetividade frente ao real, à atitude racionalizada, à postura de economia e síntese no discurso. Entretanto, observamos que no seu pensamento sobre poesia há certezas palpáveis, como também aspectos cercados por intuição e volatilidade.