PORQUÊ SEMPRE O MAR? A SIMBOLOGIA DA ÁGUA, DO BARCO E DA PRAIA COMO ESPAÇO DE DIÁLOGO INTERTEXTUAL ENTRE CECÍLIA MEIRELES, GLÓRIA DE SANT’ANNA E SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
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Resumo
A presença recorrente da água na poesia de Cecília Meireles, Glória de Sant’Anna e Sophia de Mello Breyner é o ponto de partida da análise comparativa desenvolvida neste artigo, no qual se propõe uma leitura simbólica e temática das líricas ligadas à ocorrência de três elementos: barco, praia, areia (e outras entidades como animais, conchas e despojos do mar). Assim, com a intenção de procurar as declinações poéticas destes elementos, destacaremos nove poemas para análise, nos quais se pretende explorar o uso da metáfora da viagem por mar e a transição entre dois elementos, terra e água. A atividade poética das autoras é realizada em três paisagens geográficas e sociais diferentes – Brasil, Moçambique e Portugal – nas quais elaboram temas comuns como a fugacidade do tempo e a errância do sujeito lírico, configurando um espaço comum não só na utilização da língua portuguesa, mas também no elemento aquático. Neste sentido, este estudo visa contribuir com a construção de um diálogo intertextual e temático entre as três autoras, tendo em conta os estudos do filósofo Gaston Bachelard sobre a fenomenologia do espaço em poesia e do imaginário literário ligado à água. Barco, praia, areia, criaturas marinhas e despojos do mar são potentes canais metafóricos, capazes de fornecer uma primeira proposta de análise temática ligada à água e aos elementos comuns entre as três autoras. O objetivo é criar um potencial impulso para estudos futuros sobre este e outros carateres comuns na obra poética de Cecília, Glória e Sophia.
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