Dossiê “Como se fora brincadeira de roda…”
Postado em 2025-08-13“Como se fora brincadeira de roda…”
As brincadeiras de roda são atividades lúdicas, realizadas em grupo, que têm, em grande medida, importância na formação de crianças. Organizadas em círculo, de mãos dadas, elas cantam uma mesma cantiga, com forte refrão, girando em um mesmo sentido, inseridas em um espaço criador de ficção. Todo esse movimento incentiva a coordenação motora, as mãos dadas promovem a socialização, e o canto incita a musicalidade.
O caráter lúdico da brincadeira assume papel formacional, engendrado por meio de um discurso poético, com rimas externas e internas, jogos sonoros e semânticos. Tem-se, assim, uma dimensão dupla do lúdico, pois a brincadeira de roda é um jogo sensorial, e a poesia, que lhe dá suporte, realiza-se por jogos verbais, uma vez que a poiesis é lúdica por excelência.
Qualquer pesquisa nas redes digitais levará a que se encontrem dezenas ou até mesmo de cantigas de roda. Muitas dessas cantigas vêm sendo esquecidas ao longo das últimas décadas, outras nem tanto, e algumas passaram a ser consideradas “politicamente incorretas”, como é o caso, por exemplo, de “Atirei o pau no gato”.
A literatura voltada à recepção por crianças também pode ser encarada como uma atividade tão somente lúdica – ou não –, realizada individualmente – ou em grupo –, e, em todos os casos, igualmente às brincadeiras de roda, essa literatura importa para a formação desses sujeitos.
Assim, o que aqui se propõe são reflexões à volta dessa literatura na mesma ótica sob a qual se refletiu, subliminarmente, acerca das brincadeiras de roda.