Amedrontagens urbanas

costurando vestígios para materializar o medo, arruinar paisagens e projetar futuros

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/arcosdesign.2024.82152

Palavras-chave:

paisagem, projeto, abjeto, medo, urbano

Resumo

Qual o lugar do medo no projeto de futuros? Partindo deste afeto enquanto valor imperativo na materialização do urbano e suas tecnologias, o presente artigo procura costurar uma narrativa crítica sobre as formas com que descrevemos e experimentamos o medo. Antes de propor uma descrição empírica totalizante, arraigada em manifestações projetuais da segurança, buscamos em representações visuais e textuais o substrato a ser refletido. Iniciamos pela Ruptura, buscando dimensionar o medo enquanto sensibilidade, perguntando-nos quais matérias estaríamos negando no ato de projetar o mundo. Seguimos explorando a Erupção, tomando consciência das contradições que surgem a partir das rupturas — as matérias que sobram para além de nossos desejos de controle projetual. Concluímos com uma leitura dos Vestígios deixados pelos trajetos anteriores — todas as materializações que tem capacidade de propor mudanças.

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Biografia do Autor

Daniele Caron, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Arquiteta e urbanista pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2000). Mestrado em Urbanismo pela Universidad Politécnica da Catalunha (2010). Doutorado em Urbanismo pela Universidad Politécnica da Catalunha (2017), com período sanduíche no Programa de Pós Graduação em Urbanismo (PROURB) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (2010-2011) e no Programa de Pós Graduação em Planejamento Urbano e Regional (PROPUR) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2014-2015). Docente e pesquisadora na Faculdade de Arquitetura e no PROPUR - linha de pesquisa Cidade, Cultura e Política - da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É coordenadora do Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão Margem_Laboratório de narrativas urbanas desde 2019, pesquisadora do PAGUS - Laboratório da Paisagem (Instituto de Geociências - Departamento de Geografia) desde 2012, e pesquisadora do Grupo de Pesquisa Cidade [In] Pensada (2020), todos vinculados à Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é representante do PROPUR na RED DOCASUR - Rede de Doutorados em Arquitetura e Urbanismo de Universidades Públicas Sul-Americanas. Se dedica ao estudo da narrativa como perspectiva epistemológica para os estudos urbanos, entrecruzando diversas áreas de interesse: paisagem em uma abordagem crítica; gênero e interseccionalidades; lutas urbanas e práticas insurgentes; espaço público e territorialidades dissidentes. Atualmente coordena pesquisa com objetivo de investigar os argumentos que agenciam a dimensão pública da paisagem urbana de Porto Alegre/RS a partir de narrativas que se constituem à margem da produção urbana hegemônica da cidade. Tem experiência técnica na área de patrimônio histórico e cultural, projetos urbanos e planejamento urbano e regional.

Paulo Edison Belo Reyes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Pós-Doutorado em Filosofia no Instituto de Filosofia da Nova IFILNOVA da Universidade Nova de Lisboa com Bolsa CAPES PRINT - Edital Professor Visitante no Exterior Sênior (2020). Doutorado em Ciências da Comunicação pela Unisinos e pela Universidade Autonoma de Barcelona em um doutorado sanduiche (2004). Mestrado em Planejamento Urbano pela UnB (1992). Especialização em Design Estratégico pela Unisinos (2008). Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela UniRitter (1987). Professor Associado da Faculdade de Arquitetura da UFRGS no Departamento de Urbanismo. Professor e Pesquisador no Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional PROPUR UFRGS. Foi Coordenador do PROPUR (Gestão 2016-2018). Foi Coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Unisinos (2004-2006) e do Mestrado em Design da Unisinos (2009-2010). É consultor ad-hoc da CAPES e consultor ad-hoc da FCT Fundação para a Ciência e a Tecnologia do Ministério da Educação e Ciência de Portugal desde 2007. Pesquisa na linha de pesquisa cidade, cultura e política [área de concentração: planejamento urbano e regional e os processos sociais] do PROPUR UFRGS com vínculo ao Grupo de Pesquisa CNPq [POIESE] Laboratório de Política e Estética Urbanas no qual atua como Coordenador. Também Coordena o Grupo de Pesquisa CIDADE[IN]PENSADA no CNPq e é Pesquisador no Grupo de Pesquisa Arquitetura, Derrida e aproximações. Tem por foco de pesquisa a crítica ao projeto em três linhas temáticas interligadas: a filosofia da paisagem; o projeto da paisagem a partir de um olhar crítico que insira a dimensão política no processo de saber-fazer cidade; temáticas insurgentes que produzam um outro olhar ao processo de projeto hegemônico da paisagem. Tem colaborado com instituições de ensino e pesquisa europeus como: Professor do Workshop Internacional TE TSAB.05 International Summer Workshop da Escola Tècnica Superior de Arquitectura de Barcelona em 2005; como Avaliador e Consultor Externo no Programa de Doutorado em Design and Tecnologies Exploitation for the Cultural Eritage do Politecnico di Milano em 2006 e como Avaliador dos Research Units da Portuguese Foundation for Science and Technology de Portugal em 2007/2008, colaboração com o Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa desde 2019 nos estudos da paisagem. Membro do Comitê Científico da I+Diseño - Málaga, Espanha; do periódico Strategic Design Research Journal; do periódico Educação Gráfica, Brasil e avaliador ad-hoc da Pós. Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP. Membro do Conselho Editorial da Revista Redobra.

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Publicado

17-07-2024

Como Citar

POZZER, Christiano Hageman; CARON, Daniele; EDISON BELO REYES, Paulo. Amedrontagens urbanas: costurando vestígios para materializar o medo, arruinar paisagens e projetar futuros. Arcos Design, Rio de Janeiro, v. 17, n. 2, p. 234–256, 2024. DOI: 10.12957/arcosdesign.2024.82152. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/arcosdesign/article/view/82152. Acesso em: 2 maio. 2025.