DRAG QUEEN PABLLO VITTAR COM “O HOMEM DO ANO”: Representações de mo(vi)mentos de (re)existências
DOI:
https://doi.org/10.12957/rcd.2022.66006Palavras-chave:
Sexualidade, Discurso de ódio, Práticas sociais, Identidade, Gênero.Resumo
Somos diariamente provocadas pela ideia do que é ser mulher e do que é ser homem na sociedade brasileira contemporânea. Imposição de normas de comportamento e disciplina, exigências sobre o que falar e como se comportar e humilhações constantes, se tornam partes comuns do dia a dia daquelas que divergem deste comportamento normativo. Com isso, este artigo busca problematizar os debates e as discussões que surgiram com a premiação de uma drag queen como o Homem do Ano de uma importante revista e como isso possibilita tensionarmos as noções de identidade de gênero e orientação sexual. Para tanto, nos fundamentamos em Fairclough (2001), Seffner (2021), Austin (1990), entre outras para refletir sobre o discurso como prática social e as relações de poder, Takara (2020), Butler (2012), Urzêda-Freitas (2018), entre outras para debater sobre sexualidade e discurso de ódio, Baxter (2008), Lazar (2016), Lugones (2008), Curiel (2001), entre outras para discutir sobre feminismo e feminismo decolonial. Discutir sobre as representações discursivas em suas múltiplas modalidades, aqui em especial no que tange às questões de gênero e sexualidade, torna-se necessário e urgente para a des(re)construção de uma sociedade menos violenta e que condenem diariamente as práticas que provocam o sofrimento humano e a barbárie. Além disso, este artigo argumenta em favor de perceber a performatividade e os atos de corpo como novas oportunidades para implementações de debate sobre corpo, afeto e identidade, especialmente em se tratando de um mundo virtual e visual conectado em semioses e redes.Referências
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