Antes do passado: o silêncio que vem do Araguaia e a herança de dor legada aos familiares de desaparecidos políticos
DOI:
https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2025.79327Palabras clave:
Literatura brasileira contemporânea, Ditadura Militar, Guerrilha do Araguaia, Desaparecidos políticosResumen
A Ditadura Militar brasileira deixou marcas para o conjunto da sociedade. No entanto, atingiu de maneira bastante peculiar os familiares de desaparecidos políticos. Nesse sentido, o presente estudo desenvolve reflexões sobre a representação da Guerrilha do Araguaia pela via da ficção partindo do testemunho de uma familiar de desaparecido político. Foi utilizado como corpus de análise a obra Antes do passado: o silêncio que vem do Araguaia, publicado em 2012 pela escritora Liniane Haag Brum. Essa escolha se deve pela minuciosa descrição da herança de dor legada aos familiares de desaparecidos políticos que emana das páginas da obra. A protagonista da narrativa testemunha a busca por informações sobre o destino do tio, um militante da Guerrilha do Araguaia que desapareceu e cujo corpo jamais foi encontrado. A análise demonstra que a herança de dor dos familiares de desaparecidos políticos é pautada em uma estrutura de memória de caráter coletivo mas também bastante pessoal, posto que os traumas vividos por Cilon Brum durante o regime militar brasileiro foram transmitidos a ela de maneira profunda e afetiva, a ponto de Liniane Brum ter sido indiretamente moldada pelas experiências traumáticas do tio, o que é testemunhado nas páginas de Antes do passado.
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