A gramática como sintoma, o pretuguês como cura: o real e a fantasia na literatura afro-diaspórica
DOI:
https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2025.89295Palavras-chave:
Carolina Maria de Jesus, psicanálise, literatura afro-brasileiraResumo
Um dos problemas da psicologia hegemônica é a análise individual para os problemas sociais. E um dos problemas da recepção literária de grupos minorizados é a análise que se reduz a dimensão sociológica, desconsiderando o interesse estético da obra. A fim de oferecer um contraponto a esses dois problemas, este artigo objetiva enfatizar a subjetividade e a criação poética de Carolina de Jesus em detrimento das discussões sociológicas que ela suscita devido ao caráter testemunhal da sua obra, o que não exclui a importância do âmbito social para a presente pesquisa. Pensando nisso, este artigo visa somar a interpretação sociológica e descolonial à interpretação psicanalítica, para que, a partir disso, seja possível refletir sobre a obra de Carolina para além das questões sociais, mas sem individualizar a abordagem. O conceito de pretuguês de Lélia Gonzalez é um ponto de partida para a reflexão proposta aqui.
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