A desigualdade de gêneros nas músicas infantis: repetir até tornar-se natural

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2024.83458

Palavras-chave:

Mulher, Repetição, Regularização de sentidos.

Resumo

Este estudo constitui um gesto de interpretação dos discursos que são repetidos na sociedade por meio das músicas infantis Sapo Cururu, A Galinha Pintadinha (A Galinha e o Galo Carijó) e O cravo brigou com a rosa. Pautados na Análise de Discurso inaugurada por Michel Pêcheux, na França, e ampliada por Eni Orlandi, no Brasil, pretendemos compreender como a repetição colabora para sedimentar discursos que são naturalizados em músicas destinadas às crianças desde a mais tenra idade e que sinalizam para a submissão da mulher e para a desigualdade de gênero. Pretendemos colaborar, portanto, para desmitificar o imaginário de que essas músicas fazem circular discursos “inocentes”, uma vez que, assim como todo discurso, são marcadas ideologicamente.

Biografia do Autor

Kamilla Tratsch Gula, Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO)

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO).

Célia Bassuma Fernandes, Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)

Docente na Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). Pós-Doutoramento em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Guarapuava/PR, Brasil.

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Publicado

2024-09-27

Como Citar

Gula, K. T., & Fernandes, C. B. (2024). A desigualdade de gêneros nas músicas infantis: repetir até tornar-se natural. Palimpsesto - Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Letras Da UERJ, 23(46), 86–104. https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2024.83458