“Vou ficar desonline até o ano que vem”: uma análise morfossemântica do construto desonline

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2024.79930

Palavras-chave:

desonline, derivação prefixal, morfologia construcional, princípio da não sinonímia.

Resumo

Tradicionalmente, o prefixo “des-”, no português brasileiro, é associado a significados de separação, negação ou ação contrária. A criação do termo desonline, no entanto, desafia essa definição, uma vez que parece denotar a negação da condição de estar online ou conectado à internet. Tendo isso em vista, este estudo investiga a origem do construto, sugerindo que desonline é resultado de uma derivação prefixal híbrida, devido à sua base estrangeira (Ferreira, 2021). Além de propor uma análise morfossemântica para o construto, o artigo faz uma comparação entre desonline e off-line, destacando que, embora compartilhem traços semânticos, não são sinônimos perfeitos. A pesquisa, portanto, busca contribuir para a compreensão dos processos morfológicos na língua portuguesa, especialmente no contexto de neologismos e construtos derivados.

Biografia do Autor

Brendha Portela Camargo, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Mestre e doutoranda em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ/CAPES).

Referências

BASILIO, M. A morfologia no Brasil: Indicadores e Questões. DELTA. Vol. 15, n. especial, 1999.

BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

BOOIJ, G. E. Construction morphology. Oxford: Oxford University Press, 2010.

CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 6. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2001.

CUNHA, A. G. Dicionário etimológico Nova Fronteira da língua portuguesa. 2 ed., Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

FERREIRA, A. B. de H. Novo dicionário Aurélio eletrônico. Curitiba: Positivo, 2004.

FERREIRA, P. R. S. Neologismos e processos lexicais criativos: a produtividade lexical sob a ótica da linguística cognitiva e gerativa. Dissertação (Mestrado em Letras) – Programa de Pós-graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. p. 158. 2021.

FILLMORE, C. J. Syntactic intrusions and the notion of grammatical construction. Proceedings of the 11th Annual Meeting of the Berkeley Linguistics Society, 1985, pp. 73-86.

FILLMORE, C. J.; KAY, P.; O’CONNOR, C. Regularity and idiomaticity in grammatical constructions: the case of let alone. Language, 63, 3, 1988. p. 501-538.

GOLDBERG, A. Constructions: A Construction Grammar Approach to Argument Structure. Chicago: University of Chicago Press, 1995.

GOLDBERG, A. Constructions at Work: The Nature of Generalization in Language. Oxford: Oxford University Press, 2006.

GONÇALVES, C. A. V.; ALMEIDA, M. L. L. Morfologia construcional: principais ideias, aplicação ao português e extensões necessárias. Alfa (ILCSE/UNESP), v. 58, n. 1, p. 165-193, 2014.

GONÇALVES, C. A. Uma análise construcional dos splinters não nativos em uso no português do Brasil. Scripta, v. 20, n. 38, p. 98-120, 2016.

HILPERT, M. Construction Grammar and its Applications to English. Edinburgh: Edinburgh University Press, 2014.

LAKOFF, G. Women, fire and dangerous things: what categories reveal about the mind. Chicago: University Press, 1987.

LAMBRECHT, K. Informational structure and sentence form: topic, focus and the mental representation of referents. Cambridge: University Press, 1994.

MATEUS, M. H. M. et al. Gramática da língua portuguesa. 5. ed. Lisboa: Caminho, 2003.

MEDEIROS, A. B. de. Para uma abordagem sintático-semântica do prefixo des. Revista da ABRALIN, 2010.

OLIVEIRA, S. M. et al. Aspectos da derivação prefixal e sufixal no português do Brasil. Universidade Federal de Santa Catarina. Tese de Doutorado. 2009.

SILVA, M. C.; MIOTO, C. Considerações sobre a prefixação. ReVEL, v. 7, n. 12, 2009.

SIMÕES NETO, N. A. Morfologia Construcional e alguns desafios para a análise de dados históricos da língua portuguesa. Domínios da Lingu@ gem, v. 11, n. 3, p. 468-501, 2017.

Downloads

Publicado

2024-01-30

Como Citar

Portela Camargo, B. (2024). “Vou ficar desonline até o ano que vem”: uma análise morfossemântica do construto desonline. Palimpsesto - Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Letras Da UERJ, 23(44), 266–282. https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2024.79930

Edição

Seção

Estudos de Língua