Flagelos, cercados e colonialidade: da seca aos currais da fome em "O Quinze", de Rachel de Queiroz

Authors

DOI:

https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2024.79703

Keywords:

Ceará, seca, políticas da morte, O Quinze, campo de concentração.

Abstract

A pesquisa tem como objetivo refletir e analisar o contexto social no estado do Ceará em 1915 quando a seca é presenciada e medidas extremas de encurralar sujeitos despossuídos são evidenciadas como políticas da morte e reflexos da colonialidade/modernidade. Para esta discussão, utilizaremos a obra O Quinze (1930), da escritora Rachel de Queiroz, para retratar as dimensões socioculturais presentes em uma relação de cultura regional. Logo, neste levantamento bibliográfico, primeiramente nos centramos no contexto histórico e literário da obra, em seguida fazemos um estudo sobre como os personagens enfrentavam os infortúnios da seca, a segregação e as condições mínimas de sobrevivência e, por fim, analisamos a criação do primeiro campo de concentração como um espaço de se fazer morrer alguns sujeitos.

Author Biography

Soraia Costa Magalhães, Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Graduada em Lic. em História pela Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central/FECLESC-UECE; Mestranda pelo programada de Pós graduação do Mestrado Interdisciplinar em História e Letras/MIHL da Universidade Estadual do Ceará/UECE e pesquisadora com vínculo na Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico/FUNCAP. 

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Published

2024-05-14

How to Cite

Magalhães, S. C. (2024). Flagelos, cercados e colonialidade: da seca aos currais da fome em "O Quinze", de Rachel de Queiroz. Palimpsesto - Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Letras Da UERJ, 23(45), 414–437. https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2024.79703

Issue

Section

Estudos de Literatura (Tema livre)