Flagelos, cercados e colonialidade: da seca aos currais da fome em "O Quinze", de Rachel de Queiroz
DOI:
https://doi.org/10.12957/palimpsesto.2024.79703Palavras-chave:
Ceará, seca, políticas da morte, O Quinze, campo de concentração.Resumo
A pesquisa tem como objetivo refletir e analisar o contexto social no estado do Ceará em 1915 quando a seca é presenciada e medidas extremas de encurralar sujeitos despossuídos são evidenciadas como políticas da morte e reflexos da colonialidade/modernidade. Para esta discussão, utilizaremos a obra O Quinze (1930), da escritora Rachel de Queiroz, para retratar as dimensões socioculturais presentes em uma relação de cultura regional. Logo, neste levantamento bibliográfico, primeiramente nos centramos no contexto histórico e literário da obra, em seguida fazemos um estudo sobre como os personagens enfrentavam os infortúnios da seca, a segregação e as condições mínimas de sobrevivência e, por fim, analisamos a criação do primeiro campo de concentração como um espaço de se fazer morrer alguns sujeitos.
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