Edição 48 (2025.1) - Chamada para publicação

2024-08-05

A Palimpsesto, Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ, seleciona artigos para compor seu dossiê "Vozes insurgentes: literaturas negro-brasileira e africanas em evidência", v. 24, n. 48, organizado por Hanny Saraiva (mestranda PUC-Rio) e Danielle Leal (doutoranda UERJ). Nesta edição, buscamos textos que tenham uma interlocução com as literaturas negro-brasileira, africanas, afrofuturista e afrodiaspórica, além de estudos sobre narrativas femininas de autoria negra.

Na contemporaneidade, apesar de terem crescido as pesquisas acadêmicas relacionadas a esses campos, sabe-se que ainda há uma invisibilidade sobre as publicações que investigam tais temáticas. Acerca do cenário literário brasileiro, Regina Dalcastagnè aponta a existência de “um espaço privilegiado de expressão” (2012, p. 8), em que há a predominância de modos de manifestação de alguns grupos em detrimento de outros que são excluídos. Dessa forma, cabe refletir sobre as tentativas de silenciamento de escritores/as negros/as no cenário literário brasileiro, que também é ressaltado pela autora ao salientar que “são essas vozes, que se encontram nas margens do campo literário, cuja legitimidade para produzir literatura é permanentemente posta em questão” (2012, p. 8).

Nomes como Ngugi wa Thiong’o, Luís Silva Cuti, Leda Maria Martins, Chimamanda Ngozi Adichie, Lívia Natalia Souza ressignificam as práticas negras e descolonizam o imaginário. Thiong’o (1986) defende a descolonização da mente como recurso de intercessão literária. Souza afirma que a escrita de sujeitos não hegemônicos tem uma dicção própria, uma estética interna que foge de estereótipos e que se coloca "a reboque da coletividade" (2018, p. 39). Nas espirais do tempo de Martins (1996, p. 79) há a excelência do movimento ancestral. Cuti (2010) afirma que os escritores negro-brasileiros produzem uma literatura da escrita e reivindica a palavra escrita, pois “falar e ser ouvido é um ato de poder. Escrever e ser lido também” (p. 47). Adichie (2019) afirma sobre a invisibilização da cultura e da identidade negra, ao afirmar que a história única “cria estereótipos, e o problema com os estereótipos não é que sejam mentira, mas que são incompletos. Eles fazem com que uma história se torne a única história” (2019, p. 14).

Nesse sentido, faz-se urgente enaltecer essas vozes literárias insurgentes que tensionam o fazer literário, a fim de que não sejam mais reproduzidas histórias únicas acerca da população negra e de sua produção intelectual, artística e literária. Com o objetivo de ajudar a construir outro cenário sobre a produção literária/crítica contemporânea negra, esse dossiê convida pesquisadoras e pesquisadores que possuem trabalhos que dialoguem com os estudos literários negros e que repensem as relações entre África e suas diásporas, as artes, as culturas, as identidades, as ancestralidades e as memórias negro-brasileiras e africanas.

 

A Palimpsesto receberá artigos de tema livre na área dos Estudos Literários e resenhas em português, espanhol, francês e inglês.

 

Data limite para a submissão de artigos: 31/01/2025.

 

Publicação prevista para maio - agosto de 2025.

 

Para mais informações, verifique a seção "Diretrizes para Autores" neste site.