AGROECOLOGIA NO CONTEXTO ESCOLAR

Autores

  • Larissa Rosa da Silva FEBF/UERJ
  • Tadeu Lima de Souza FEBF/UERJ

DOI:

https://doi.org/10.12957/hne.2017.31975

Palavras-chave:

Agroecologia, Ensino, Geografia.

Resumo

“Sistemas de produção de base agroecológica caracterizam-se pela utilização de tecnologias que respeitem a natureza, para, trabalhando com ela, manter ou alterar pouco as condições de equilíbrio entre os organismos participantes no processo de produção, bem como do ambiente” (AQUINO, 2007). A ciência geográfica, nos aponta Eric Dardel, “pressupõe que o mundo seja conhecido geograficamente, que o homem se sinta e se saiba ligado à Terra” (DARDEL, 2015). Consideramos que abordagem de práticas agroecológicas no ambiente escolar podem facilitar esta percepção uma vez que colocará o estudante em contato com uma certa escala dos diversos campos do saber geográfico. A prática agroecológica, provocando a interação do estudante fora das paredes da sala de aula, poderá servir de base para o debate de questões e para a observação de fenômenos relacionados a diversos campos do saber geográfico como a climatologia, os processos de erosão do solo, a produção de alimentos e soberania alimentar, as questões agrárias e fundiárias, consumo, resíduos, biodiversidade, autogestão, entre tantos temas possíveis de serem trabalhados a partir da experiência prática de manutenção, por exemplo, de uma pequena horta escolar (GOTSCH, 1997). Se na experiência da sala de aula os estudantes recebem os conteúdos de forma fragmentada, a partir da prática agroecológica será possível reunir o que esteve disperso. Se agroecologia trata da produção de alimentos resgatando os saberes populares da agricultura, incorporando a estes os avanços que a ciência acumulou nos últimos anos, o movimento agroecológico apresenta-se como oposição direta aos métodos e técnicas implementadas pela “revolução verde” dos anos 1960/1970, que conspiram contra a biodiversidade, produzindo com base no uso de venenos. Pode-se dizer então que a agroecologia extrapola a dimensão do plantio e consumo de alimentos livres de veneno, relacionando-se intimamente com conceitos de sustentabilidade em diálogo com novas formas de construção e arquitetura (bioconstrução), com olhar atento para o destino e tratamento de resíduos (técnicas de compostagem, reciclagem) sugerindo ainda uma inversão de valores que coloque o pequeno agricultor e suas famílias no centro do debate sobre a produção de alimentos em oposição às grandes corporações, monoculturas e uso de defensivos nas lavouras e criação de animais (MACHADO e FILHO, 2014).

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