Direito Do Comércio Internacional E Estratégias Das Grandes Corporações De Saúde: Uma Análise Do Papel Estatal No Processo De Financeirização Da Vida | International Trade Law And Strategies Of Large Health Care Corporations: An Analysis Of The Role Of States In The Process Of Financialization Of Life

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/neiba.2023.73449

Palavras-chave:

Financeirização, Direito do Comércio Internacional, Setor da Saúde

Resumo

Resumo.

Com a intensificação do cluster 4.0 na saúde, agentes econômicos que detêm o maior volume de dados passam a controlar a estrutura de dominação do capital. A nova configuração do paradigma tecnoeconômico das TICs tem na dataficação uma fonte de ativos que se soma ao capital fictício, oriundo das conhecidas estratégias de financeirização. Cria-se uma amálgama de duplo poder econômico para as megacorporações de saúde -compostas pelos setores financeiro e tecnológico-, aumentando seu poder de mercado e influenciando as agendas de política interna e externa de determinados Estados. Por isso, governabilidade é posta em xeque pelo capital das megacorporações de saúde, de modo que essas passam a impactar ainda mais na formação das normas nacionais e internacionais. Destarte, além de compreender o fenômeno exposto, busca-se analisar, a partir da metodologia de análise institucional, o potencial papel do Estado nas normativas de comércio internacional visando combater a transformação da saúde em mercadoria.

Palavras-chave: Setor da Saúde; Estado; Direito do Comércio Internacional.

 

Abstract.

With the intensification of cluster 4.0 in health, economic agents that hold the largest volume of data come to control the structure of capital domination. The new configuration of the techno-economic paradigm of ICTs has in datafication a source of assets that adds to the fictitious capital, coming from the well-known financialisation strategies. This creates an amalgam of dual economic power for health megacorporations - composed of the financial and technological sectors - increasing their market power and influencing the domestic and foreign policy agendas of certain states. Therefore, governability is jeopardised by the capital of health megacorporations, so that they have an even greater impact on the formation of national and international norms. Thus, in addition to understanding the phenomenon exposed, we seek to analyse, based on the methodology of institutional analysis, the potential role of the State in international trade regulations in order to combat the transformation of health into a commodity.

Keywords: Health Sector; State; International Trade Law.

Biografia do Autor

Tatiana Vasconcelos Fleming Machado, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutoranda em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e assistente de pesquisa do Grupo de Indústria e Competitividade do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (GIC-IE/UFRJ)

João Gabriel Danon Tavares, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Mestrando em Relações Internacionais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e membro do Laboratório de Estudos sobre Regionalismo e Política Externa (LeRPE-PPGRI/UERJ)

Referências

Brasil (2016). Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2016-2022. Brasília, DF: Governo Federal, pp. 1-136.

Burlamaqui, L. (2005). ‘Estado, mercado, regulação e inovação: Law & Economics em uma abordagem pós-Escola de Chicago’, Anais do XIV Congresso Nacional do CONPEDI - Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito, pp. 377-398.

Buss, P. M.; Ferreira, J. R. (2012). ‘Brasil e Saúde Global’, in L. Pinheiro e C. Milani (orgs.). Política Externa Brasileira: as práticas da política e a política das práticas. Rio de Janeiro, Editora FGV, pp. 241-265.

Cordilha, A. C.; Lavinas, L. (2018). ‘Transformações dos sistemas de saúde na era da financeirização: lições da França e do Brasil’, Ciência & Saúde Coletiva, 23, pp. 2147-2158.

Evans, P. (1995). Embbeded Autonomy: states & industrial transformation. United Kingdom: Princeton University Press.

Evans, P. (2008). ‘Is an alternative globalization possible?’, Politics & Society, 36 (2), pp. 271-305.

Freeman, C.; Perez, C. (1988). ‘Structural crises of adjustment: business cycles’, In Dosi et al (eds.), Technical change and Economic

Theory. Londres: Pinter, pp. 38-66.

Hiratuka, C.; Rocha, M.; Sarti, F. (2016). "Financeirização e Internacionalização no Setor de Serviços de Saúde: Impactos sobre o Brasil”. In: Anais do 1º Encontro da Nacional de Economia Industrial e Inovação. São Paulo: Blucher, pp. 575-600.

Hufbauer, G. C.; Schott, J.; Wong, W. F. (2010). Figuring out the Doha round. New York: Columbia University Press.

Krugman, P. (2015). Economia Internacional. 10ª edição. São Paulo: Pearce Education do Brasil.

Kingdon, J. W. (2003). Agendas, alternativas and public policies. 2ª. ed. Ann Arbor: University of Michigan.

Lafer, C. (2019). ‘Reflexões sobre os Desafios do Multilateralismo’, Revista Pensamiento Iberoamericano, 8, pp. 11-18.

Lavinas, L. (2020). Doomed to fail: unmasking failure as a powerful engine of accumulation in contemporary capitalism - Appadurai Arjun e Neta Alexander, failure (Cambridge, Polity Press, 2020, 145 p.)’, European Journal of Sociology/Archives Européennes de Sociologie, 61 (3), pp. 419-422.

Latour, B. (1991). Jamais fomos modernos. São Paulo: Editora 34.

Leite, G. (2022). ‘Assim se converte a Saúde em produto financeiro’. Outras Palavras, São Paulo, Outra Saúde. Disponível em: https://outraspalavras.net/outrasaude/assim-se-converte-a-saude-em-produto-financeiro/

Maclean, S. J. (2008). ‘Microbes, Mad Cows and militaries: exploring the links between health and security’, Security Dialogue, 39 (5), pp. 475-494.

Mazzucato, M. (2020). O valor de tudo: produção e apropriação na economia global. São Paulo: Portfolio-Penguin.

Mello e Souza, A. (2012). ‘Saúde pública, patentes e atores não estatais: a política externa do Brasil ante a epidemia de aids’, in L. Pinheiro e C. Milani (orgs.), Política Externa Brasileira: as práticas da política e a política das práticas. Rio de Janeiro, Editora FGV, pp. 203-240.

Nye, J.; Keohane, R. (1989). Power and Interdependence. 2ª edição. New York: Harper Collin.

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Secretaria de Relações Globais (2022). Trabalhando com o Brasil. Paris, França: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, pp. 1-76. Disponível em: https://issuu.com/oecd.publishing/docs/trabalhando_com_o_brasil_2022). [Acesso em: 22 de outubro de 2022].

Oliveira, A. V. (2018). Grupos de interesse na formulação da política externa norte-americana: o lobby da indústria farmacêutica. Dissertação de Mestrado. Relações Internacionais/Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (UNESP, UNICAMP e PUC-SP).

Organización Mundial de la Salud; Organización Mundial de la Propiedad Intelectual; Organización Mundial del Comercio (2013). Promover el acceso a las tecnologías médicas y la innovación: Intersecciones entre la salud pública, la propiedad intelectual y el comercio, OMS/OMPI/OMC, Ginebra.

Polanyi, K. (1944). The great transformation: the political and economic origins of our time. New York: Farrar & Rinehart.

Ricupero, R. (2017). A Diplomacia na Construção do Brasil: 1750-2016. Rio de Janeiro: Versal Editores.

Rubarth, E. O. (1999). A diplomacia brasileira e os temas sociais: o caso da saúde. Brasília: Instituto Rio Branco; Fundação Alexandre de Gusmão; Centro de Estudos Estratégicos.

Rodrik, D. (2011). The globalization paradox. why global markets, states, and democracy can’t coexist. Oxford: Oxford University Press.

Rodrik, D. (2019). ‘Karl Polanyi and globalization’s wrong turn’, International Karl Polanyi Conference “Karl Polanyi for the 21st century”, Radiokulturhaus Vienna, pp. 1-12. Disponível em: www.karlpolanyisociety.com/wp-content/uploads/2019/12/Dani-Rodrik_Transcript.pdf [Acesso em 11 de setembro de 2022].

Rocha, M. A. (2019). ‘Uma proposta para política de desenvolvimento produtivo e tecnológico: uma via para o Brasil no próximo paradigma tecnológico’, Cadernos de Campo: Revista de Ciências Sociais, 27, pp. 17-38.

Sayward, A. L. (2017). The United Nations in International History. London, New York: Bloomsbury Academic.

Silva Neto, V. J.; Bonacelli, M. B. M.; Pacheco, C. A. (2021). ‘O sistema tecnológico digital: inteligência artificial, computação em nuvem e Big Data’, Revista Brasileira de Inovação, 19, pp. 01-31.

Thorstensen, V.; Thomazella, F. (2020). ‘Inovação, ciência e tecnologia. Questões levantadas pela OCDE’, in V. Thorstensen (coord.) e M. Arima Júnior (org.), O Brasil como visto pela OCDE. São

Paulo: Centro de Estudos do Comércio Global e Investimentos e VT Assessoria Consultoria e Treinamento Ltda, pp. 385-398.

Van Dijck, J. (2017). ‘Confiamos nos dados? As implicações da datificação para o monitoramento social’, Matrizes, 11 (1), pp. 39-59.

Villaschi Filho, A. (2004). ‘Paradigmas tecnológicos: uma visão histórica para a transição presente’, Revista de Economia, 30 (1), pp. 65-105.

Downloads

Publicado

2023-12-15

Como Citar

Vasconcelos Fleming Machado, T., & Danon Tavares, J. G. (2023). Direito Do Comércio Internacional E Estratégias Das Grandes Corporações De Saúde: Uma Análise Do Papel Estatal No Processo De Financeirização Da Vida | International Trade Law And Strategies Of Large Health Care Corporations: An Analysis Of The Role Of States In The Process Of Financialization Of Life. Revista Neiba, Cadernos Argentina Brasil, 12(1), e73449. https://doi.org/10.12957/neiba.2023.73449

Edição

Seção

DOSSIÊ SIMPORI 2022 | DOSSIER SIMPORI 2022