O império da escolha e o “outro” da literatura

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/matraga.2025.85859

Palavras-chave:

Literatura, Ensino, Escolha, Alteridade

Resumo

O presente ensaio propõe-se a comentar a centralidade da categoria da escolha nas discussões sobre a relação entre literatura e ensino hoje. A fim de defender o argumento de que os principais debates travados, a respeito da transmissão institucionalizada do literário, costumam girar em falso em torno da ideia de escolha, de quais textos e autores devem ou não ser contemplados no contexto educacional em seus diferentes níveis, o ensaio aborda, entre outros, três episódios recentes que evidenciam justamente o recém-fundado império do termo: a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) brasileira, a publicação da carta da Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC), que aborda a necessidade de ampliação dos estudos sobre literatura e ensino e, por fim, a recente polêmica acerca das obras literárias selecionadas para o vestibular da Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular). O que se espera demonstrar, em poucas palavras, é que a categoria de escolha, apesar de movimentar os afetos da área dos estudos literários, está em contradição com o verdadeiro “outro” da literatura, a alteridade da obra.

Biografia do Autor

André Cechinel, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Professor adjunto de Teoria Literária do Departamento de Língua e Literatura Vernáculas da Universidade Federal de Santa Catarina. Doutor em Literatura pela UFSC, com estágio na New York University (NYU). Pesquisador associado ao Grupo de Pesquisa FORMA. Autor de Tradi- ção em T. S. Eliot: contornos do conceito (Edusp, 2022), O referente errante The wasteland e sua máquina de teses (Argos; Ediunesc, 2018) e Literatura, ensino e formação em tempos de Teoria (com T maiúsculo) (Appris, 2020).

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Publicado

2025-02-26

Como Citar

Cechinel, A. (2025). O império da escolha e o “outro” da literatura. Matraga - Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Letras Da UERJ, 32(64), 186–196. https://doi.org/10.12957/matraga.2025.85859

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