CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO

2023-08-08

A revista Matraga, da Pós-Graduação em Letras da UERJ, está recebendo artigos e resenhas para os próximos números, aceitando textos em português, inglês, espanhol e francês. Os artigos são submetidos ao sistema de pareceristas duplo-cego e devem seguir rigorosamente as normas de formatação da revista.

Confira a seguir chamadas completas. As submissões são online.

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MATRAGA 66

Será dedicado aos Estudos Literários, com o tema Tradução literária: cânone, nação e questões de gênero.

 EMENTA

Nos últimos cinquenta anos, as teorias da tradução vêm ganhando contornos dos mais diversos. Marcadas pela chamada Cultural Turn e influenciadas sobretudo pelo Pós-estruturalismo, diferentes vertentes tiveram a partir de Jacques Derrida um ponto de inflexão. A teoria e prática primordialmente logocêntrica dava espaço à escritura desestruturada do teórico franco-magrebino, cuja base está na desconstrução do texto com o Outro, o que teria profundas consequências na relação entre texto original e traduzido – ou entre textos pertencentes a diferentes aqui e agora.

Do mesmo modo, Antoine Berman (1984, 1991) introduz em sua teoria da tradução um componente ético e político que revolucionaria a área e teria enorme ressonância entre os estudiosos brasileiros. O cerne da teoria de Berman está na crítica à tradução denominada por ele “etnocêntrica”, isto é, que desprestigia a cultura do Outro, daquilo que é estrangeiro e “estranho” à cultura do país do texto traduzido – e que muitas vezes é uma nação central –. Para Berman, a tradução deve manter o caráter estrangeirizante, prestigiando características típicas da cultura do texto traduzido, na contramão de uma tradução que resulte fluida para o leitor do texto traduzido, sem qualquer referência a questões linguísticas inerentes ao texto e – consequentemente – à cultura do texto original.

Lawrence Venuti (1995, 1998) segue a mesma linha de Berman ao destacar como nos Estados Unidos existe há décadas uma cultura de invisibilizar o tradutor, promulgando um regime de fluência. Isto é, o tradutor deve fornecer a seu leitor uma ilusão de transparência, por meio de uma prosa “natural”, “elegante” e “adorável”. Venuti (1995) destaca ainda que mesmo quando o ideal de fluidez não vigora no mercado editorial de uma nação, toda tradução tem uma essência violenta. O teórico ainda explora o conceito de “leitura sintomática” e revela como as traduções obedecem a um padrão histórico, cujas leis evidenciam uma violência etnocêntrica, que ao fim e ao cabo pretende apagar características dos chamados países em desenvolvimento que poderiam abalar o status quo dos países do Norte global. Esse abalo deve ser feito especialmente porque a relação entre Norte e Sul sempre foi unilateral, ou nas palavras de Evando Nascimento (2021, p. 195): “[...] o diálogo Norte e sul nunca ocorreu de verdade, permanecendo como um monólogo do Norte consigo próprio, cujas falas deveriam reverberar cedo ou tarde, de um modo ou de outro, do lado debaixo do Equador.” Logo, há uma escolha pelo que traduzir e, ao mesmo tempo, como traduzir. Que Brasil é selecionado e traduzido? E de que forma ele aparece nas livrarias da França, da Inglaterra e dos Estados Unidos?

Finalmente, de acordo com Olga Castro e María Laura Spoturno (2020), os feminismos vêm convocando uma perspectiva crítica e plural dos pesquisadores, na elaboração daquilo que elas denominam tradutologia feminista transnacional. O objetivo desse debate é fundamentalmente interseccional e visa “facilitar alianças transfronteiriças que questionem as assimetrias – inclusive entre mulheres –, como passo prévio a transformar a realidade e promover debates que se oponham à violência colonial” (Castro; Spoturno, 2020, p. 14). Isto é, a tradutologia feminista se alinha às discussões sobre cânone, nação, e gênero sobre os quais os Estudos da Tradução vêm refletindo nas últimas décadas.

Convidamos para compor este número da Matraga os/as autores/as interessados/as em discutir a Tradução literária, a partir dos conceitos de cânone, nação, questões de gênero, e que verifiquem estratégias tradutórias diversas entre diferentes pares linguísticos.

EDITORES:
Wagner Monteiro (UERJ) e Rebeca Hernández (Universidad de Salamanca)

CRONOGRAMA:
Submissão de artigos e resenhas: até 31/03/2025
Publicação: setembro de 2025

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MATRAGA 65

Será dedicado aos Estudos Linguísticos, com o tema Humanidades Digitais e Ciência de Dados a partir do Sul: Perspectivas Interdisciplinares sobre Inclusão, Poder e Tecnologia.

EMENTA

Este dossiê explora uma diversidade de abordagens teóricas e metodológicas nas Humanidades Digitais, integrando métodos computacionais e grandes volumes de dados para a análise sociocultural. O dossiê promove um diálogo interdisciplinar que abrange diferentes áreas do conhecimento, desde os estudos da linguagem até os estudos de ciência e tecnologia. Caracterizado por sua interdisciplinaridade, transnacionalidade e multilinguismo, o dossiê se propõe intervir no campo das Humanidades Digitais a partir do e para o Sul Global, abordando correntes como o Feminismo de Dados e os estudos digitais interseccionais e antirracistas. Esses estudos desafiam a suposta neutralidade e universalidade do sujeito nas Humanidades Digitais e na Ciência de Dados, destacando como se perpetuam epistemologias e tecnologias dominantes. Além disso, promove pesquisas que, através de metodologias conscientes das desigualdades de poder, refletem sobre formas de inclusão e exclusão ligadas com raça, gênero, idioma, colonialismo e geolocalização, visando a um redesenho das práticas e estruturas que sustentam as plataformas digitais e os algoritmos.

Este dossiê espera trabalhos que explorem o impacto das inteligências artificiais em diversas esferas sociais, especialmente a partir do e para o Sul Global, focando tanto no desenvolvimento quanto na avaliação crítica de tecnologias existentes. Busca-se especialmente fomentar uma visão ética e crítica sobre a inteligência artificial.

Para incentivar um debate crítico e culturalmente enriquecido, a chamada para submissões abrange uma variedade de disciplinas que exploram a interseção entre tecnologia, sociedade e cultura a partir de perspectivas críticas e transformadoras. Entre os temas destacados incluem-se a análise do discurso digital e a análise tecnodiscursiva, que propõe uma concepção compósita do discurso, quebrando a fronteira entre a dimensão discursiva e a técnica, o linguístico e o extralinguístico. Também serão aceitas propostas de trabalhos que estudem o impacto ético da inteligência artificial no desenvolvimento sustentável, bem como o viés e a equidade nos algoritmos de IA questionando quem se beneficia ou se prejudica com as decisões automatizadas.

Um tema importante para este dossiê é a descolonização da inteligência artificial, propondo metodologias que questionem as narrativas e práticas tecnológicas dominantes. Também serão considerados trabalhos que avaliem criticamente os projetos de IA para determinar suas forças e limitações. Ademais, são convidadas contribuições sobre arquivos digitais feministas decoloniais que reconsiderem a preservação da história e da cultura a partir de perspectivas feministas e anticolonialistas.

O dossiê abrange trabalhos que explorem a interseccionalidade e os meios digitais, analisando como as múltiplas matrizes de opressão afetam as experiências online e como as plataformas digitais podem fomentar autonomia e expressão. Além disso, busca-se integrar estudos digitais e de gênero com abordagens críticas no ensino e aprendizagem virtual, junto com propostas sobre pedagogias feministas digitais. Encoraja-se a submissão de trabalhos que investiguem a influência das normas de gênero na informática através do estudo das linguagens de programação e gênero, bem como da violência de gênero em espaços digitais, para abordar os desafios da segurança online. Finalmente, serão incluídos trabalhos sobre história e arte digital a partir de perspectivas feministas, decoloniais e antirracistas, destacando como a cultura digital pode ser um espaço de resistência e reimaginação crítica.

EDITORAS:
Alejandra Josiowicz (UERJ-FAPERJ) e Genoveva Vargas Solar (CNRS, LIRIS, França)

CRONOGRAMA:
Submissão de artigos e resenhas: [até 31/10/2024] - PRORROGADO ATÉ 15/11/2024
Publicação: maio de 2025

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MATRAGA 64

Será dedicado aos Estudos Linguísticos e aos Estudos Literários, com tema livre.

EMENTA
Acolhem-se artigos inéditos e resenhas nos campos dos estudos literários e linguísticos.

EDITORES:
Tania Maria Nunes de Lima Camara (UERJ) e Marcelo Brandão Mattos (UERJ)

CRONOGRAMA:
Submissão de artigos e resenhas: até 30/06/2024 [submissões encerradas]
Publicação: janeiro de 2025

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Os artigos não devem exceder 25 páginas.
As resenhas não devem exceder 8 páginas.
Consulte as normas para a publicação nas orientações aos autores, que contém um tutorial passo a passo para submissão online.