Pereira Passos, a população pobre do Rio de Janeiro e o seu centro reformado:
elementos para um debate
DOI:
https://doi.org/10.12957/revmar.2025.83056Palavras-chave:
Reforma Urbana, Pereira Passos, CivilizaçãoResumo
A Grande Reforma Urbana do Rio de Janeiro, realizada entre os anos de 1903 e 1906, consistiu, na realidade, em dois projetos com naturezas distintas: um de responsabilidade municipal e outro de âmbito federal. Neste texto, concentraremos nossa atenção no plano de redimensionamento urbano conduzido pelo prefeito Pereira Passos, cujas intervenções ficaram conhecidas por sua ambição modernizadora. Argumentamos aqui que, ao contrário do que frequentemente se afirma, Pereira Passos não buscou simplesmente expulsar do Centro da cidade a população de baixa renda. Antes disso, o prefeito parece ter concebido um projeto em que a permanência popular no Centro reformado fosse permitida sob condições específicas e controladas. Essa presença popular, longe de ser rejeitada completamente, era instrumentalizada como parte de um esforço pedagógico mais amplo. O objetivo era integrar os setores populares a uma nova ordem urbana marcada por ideais de civilização, progresso e higiene, moldando comportamentos e hábitos compatíveis com a cidade modernizada que se pretendia construir. Assim, o Centro do Rio passava a desempenhar um papel simbólico e educativo fundamental no processo civilizatório idealizado pela administração municipal.
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