As formas de apreensão da seca no Brasil (segunda metade do século XIX)

(seconde moitié du 19ème siècle)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/revmar.2025.82821

Palavras-chave:

Século XIX, Seca, Poesia, Reportagem Jornalística, Fotografias

Resumo

A seca não é só um fenômeno natural, ela é uma construção humana e social, lastreada no tempo e no espaço. No Brasil, costuma-se a associar a seca, ou os períodos de seca, a um atributo quase exclusivo da atual região Nordeste. Esse tipo de associação tende a desconsiderar como historicamente a seca foi apreendida, registrada e entendida. O presente artigo tem como objetivo a análise de conteúdo das produções pioneiras sobre a seca: a poesia, a reportagem jornalística e os registros fotográficos, que no transcurso da grande seca de 1877-1879, foram elementos mobilizados para descrever, atestar e explicar o caos individual/social que assolou o norte do Brasil (atual Nordeste). Tornando-se, desde então, componentes paradigmáticos de uma forma de ver, entender e explicar esse espaço e as pessoas que vivem nessa região do Brasil.

Biografia do Autor

Eduardo Henrique Barbosa Vasconcelos, Universidade Estadual de Goiás

Professor da Universidade Estadual de Goiás, Instituto Acadêmico de Educação e Licenciaturas, curso de História. Doutor em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Mestre em História das Ciências e da Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz; graduado em História pela Universidade Federal do Ceará.

Referências

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. A Invenção do Nordeste e outras Artes. Recife; São Paulo: FJN; Massangana; Cortez, 1999.

ALMEIDA, José Américo de. A bagaceira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1928.

ANDRADE, Joaquim Marçal Ferreira de; LOGATTO, Rosângela. Uma contribuição para as origens do fotojornalismo na imprensa brasileira. Anais da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, v. 114, 1994.

BENNETT, Jane. Vibrant Matter: A Political Ecology of Things. Durham: Duke University Press, 2010.

BRAGANÇA, Aníbal. O editor de livros e a promoção da cultura lusófona. A trajetória de Francisco Alves (1848-1917). In: MARTINS, Moises de Lemos (Org.). Lusofonia e Interculturalidade: promessa e travessia. Braga; Minho: Húmus; Universidade do Minho, 2015.

CAETANO, Maria do Rosário (Org.). Cangaço: o nordestern no cinema brasileiro. Brasília: Avathar. 2005.

CALLON, Michel (Org.). The Laws of the Markets. Oxford: Blackwell, 1998.

CARDOSO, Eduardo Wright. A autópsia como recurso à escrita da história. História da Historiografia, v. 16, p. 1-25, 2023.

COSTA, Maria Clélia Lustosa da. Teorias médicas e gestão urbana: a seca de 1877-79 em Fortaleza. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, v. 11, n. 1, jan.-abr. 2004.

EDWARDS, Elizabeth. Photographs as Strong History? In: CARAFFA, Constaza; SERENA, Tiziana. Photo Archives and Ideia of Nation. Berlin: Walter de Gruyer, 2014.

GOMES, Álvaro Cardoso. A Poesia como Pintura: a Ekphrasis em Álvaro Martins. Cotia: Ateliê Editorial, 2015.

GUTEMBERG. Alisson. Imagens do Nordeste no cinema brasileiro contemporâneo. Rio de Janeiro: Multifoco, 2016.

HARTOG, François. Evidência da história: o que os historiadores veem. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.

JUNQUEIRO, Guerra. Fome no Ceará. Lisboa: Empresa Horas Romanticas [David Corazzi - Editor], 1877.

KALIFA, Dominique. Jornalista, romancistas e literatura criminal no século XIX: e exemplo de Georges Grison. In: LUSTOSA, Isabel; OLIVERI-GODET, Rita (Org.). Imprensa, história e literatura: O Jornalista-Escritor. Vol. 2: Ser ou não ser jornalista; o fim da era romântica. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa; 7 Letras, 2021.

KOSSOY, Boris. Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: IMS, 2002.

LEITE, Ary Bezerra. História da Fotografia no Ceará do Século XIX. Fortaleza: [Edição do autor], 2019.

LORENTZ, Kátia Becker. Fotografia em Albumina. Porto Alegre: Fumproarte, 2003.

MARQUES, Ivan da Costa. Ontological Politics and Latin American Local Knowledges. In: MEDINA, Eden; MARQUES, Ivan da Costa; HOLMES, Christina. Beyond imported magic: essays on science, technology, and society in Latin America. Cambridge: MIT Press, 2014.

MAUAD, Ana Maria. Isso não é uma janela: uma fotografia e sua história. In: SCHIAVINATTO, Iara Lis; MENESES, Patrícia D. (Orgs.). A imagem como experimento: debates contemporâneos sobre o olhar. Vitória: Milfontes, 2020.

MEDINA, Eden; MARQUES, Ivan da Costa; HOLMES, Christina. Beyond imported magic: essays on science, technology, and society in Latin America. Cambridge: MIT Press, 2014.

NEVES, Frederico de Castro. “Desbriamento” e “Perversão”: olhares ilustrados sobre os retirantes da seca de 1877. Projeto História, São Paulo, PUC-SP, v. 27, dez. 2003.

PATROCÍNIO. José Carlos do. Os Retirantes. Rio de Janeiro: Typographia da Gazeta de Notícias, 1879.

PRATT, Mary Louise. Os Olhos do Império: Relatos de viagem e transculturação. Bauru: EdUSC, 1999.

QUEIROZ, Rachel de. O Quinze. Rio de Janeiro: José Olympio, 1930.

RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1938.

ROBIN, Régine. A Memória Saturada. Campinas, SP: Ed. Unicamp, 2016.

RYAN, James R. Phtotography, Visual Revoltions, and Victorian Geography. In: LIVINGSTONE, David N.; WHITERS, Charles W. J. (Org.). Geography and Revolution. Chicago: Chicago University Press, 2005.

SCHWARCZ, Lilia Katri Moriz. Lendo e Agenciando Imagens: o rei, a natureza e seus belos naturais. Sociologia &Antropologia, v. 4, n. 2, p. 391-431, out. 2014.

SHILLING, Chris. The Body in Culture, Technology and Society. London: Sage, 2005.

SIMÕES, Ricardo Japiassu (Org.). Viajem ao Norte: apontamentos de José do Patrocínio. Recife: Ed. UFPE, 2015.

SINKEVISQUE, Eduardo. Usos da écfrase no gênero histórico seiscentista. História da Historiografia, v. 6, n. 12, p. 45-62, 2013.

SOARES, Ana Lorym. O livro como missão: a publicação de textos psicografados no Brasil dos anos 1940 a 1960. Rio de Janeiro: Gramma, 2018.

SOUSA, Gabriela Regina dos Santos; SANTOS, Dayse Rodrigues dos. Uma análise do poema “Fome no Ceará”, de Guerra Junqueiro. Crátilo: Revista Discente de Estudos Linguísticos e Literários, v. 16, 2023.

TEICH, Mikulás; PORTER, Roy; GUSTAFSSON, Bo (Org.). Nature and Society in Historical Context. Cambridge. Cambridge University Press, 1997.

THEÓPHILO, Rodolpho Marcos. História das Secas no Ceará (1877-1879). Rio de Janeiro: Imprensa Inglesa, 1922.

TROTTA, Felipe. No Ceará não tem disso não: Nordestinidade e macheza no forró contemporâneo. Rio de Janeiro: Folio Digital, 2014.

VASCONCELOS, Eduardo Henrique Barbosa. A Ciência peculiar de Joaquim Antonio Alves Ribeiro: Ceará - Harvard - Ceará. Teresina: Cancioneiro, 2024.

VASQUEZ, Pedro Afonso. Joaquim Insley Pacheco: fotografo da casa imperial do Brasil e cavaleiro da ordem de cristo em Portugal. In: Fotografia Escrita: nove ensaios sobre a produção fotográfica no Brasil. Rio de Janeiro, Senac Nacional, 2012.

VIEIRA, Marcelo Dídimo Souza. O Cangaço no Cinema Brasileiro. São Paulo: Annablume, 2010.

Downloads

Publicado

2025-05-06

Como Citar

Barbosa Vasconcelos, E. H. (2025). As formas de apreensão da seca no Brasil (segunda metade do século XIX): (seconde moitié du 19ème siècle). Revista Maracanan, (39), 1–26. https://doi.org/10.12957/revmar.2025.82821

Edição

Seção

Artigos