Legados modernistas:
a literatura paraense e seus contributos para a construção da identidade alimentar de Belém do Pará
DOI:
https://doi.org/10.12957/revmar.2025.78281Palavras-chave:
Modernismo, Academia do Peixe Frito, Identidade Alimentar, Belém do Pará, Comida Típica ParaenseResumo
O presente artigo busca compreender o importante papel desempenhado pelo movimento modernista paraense para formação e construção de uma identidade alimentar regional. Para tal, examinamos obras modernistas que abordam o tema, com foco nas publicações de membros da chamada Academia do Peixe Frito, grupo de jovens literatos que se reunia, a partir dos anos de 1920, em diferentes lugares da cidade de Belém, tendo como ponto principal o mercado do Ver-o-Peso. Composto por homens, muitos advindos das periferias da capital, discutiam sobre os rumos da literatura, questões sociais e políticas e, em suas obras, exaltavam o cotidiano e os sabores paraenses, o que em muito deu visibilidade para as tradições e costumes locais, sobremaneira no que diz respeito à alimentação. Para aferir a importância do grupo, e de seus membros, para a história da alimentação, consultamos fontes literárias e das artes plásticas que evidenciam hábitos e costumes alimentares da região. Neste sentido, propomos a análise do tratado Cozinha do Extremo Norte - Pará -Amazonas, escrito por Bruno de Menezes, um dos líderes da Academia do Peixe Frito. Produzida nos primeiros anos da década de 1960, para compor a Antologia da Alimentação Brasileira, de Luís da Câmara Cascudo, a obra revela ingredientes, pratos típicos e hábitos alimentares da região, e constitui-se como inestimável fonte para o estudo da história da alimentação na Amazônia e do processo de construção de sua identidade alimentar.
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