De pinha à fruta do conde: uma análise das múltiplas nobrezas do ultramar a partir da obra alegórica Frutas do Brasil. Pernambuco, início do século XVIII

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/revmar.2023.74299

Palavras-chave:

Pernambuco, Nobreza, Senhores de engenho, Frutas do Brasil, Antônio do Rosário

Resumo

O ideário de nobreza sofreu várias mutações ao longo do Antigo Regime, sendo variável de acordo com o contexto e com a espacialidade, além de não haver um único entendimento sobre o tema. A pluralidade de nobrezas do ultramar pode ser verificada na obra Frutas do Brasil, especificamente no capítulo Do estado da nobreza, do frei Antônio do Rosário, o qual vivenciou a sociedade açucareira de Pernambuco por quinze anos, entre 1689 e 1704. Este trabalho busca compreender os diferentes significados de nobreza, em especial em Pernambuco do início do século XVIII, incidindo ainda sobre os diferentes modelos de ascensão e de legitimação social no Ultramar. Para tanto, esse artigo analisará parte da obra Frutas do Brasil, uma fonte rica sobre a hierarquia e a composição social daquela época, cruzando informações dos tratados jurídicos e de fontes do Arquivo Histórico Ultramarino, do Arquivo da Universidade de Coimbra e da Biblioteca Nacional de Lisboa.

 

 

Biografia do Autor

Ana Lunara Morais, Universidade Federal de Campina Grande

Professora Substituta da Universidade Federal de Campina Grande, Campus Cajazeiros. Doutora em História pelo Programa Inter-Universitário de Doutoramento em História (PIUDHist), vinculado ao Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora; Mestre em História e Espaço e graduada em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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Publicado

2023-09-06

Como Citar

Morais, A. L. (2023). De pinha à fruta do conde: uma análise das múltiplas nobrezas do ultramar a partir da obra alegórica Frutas do Brasil. Pernambuco, início do século XVIII. Revista Maracanan, (33), 118–140. https://doi.org/10.12957/revmar.2023.74299