Um correio pelo caminho de terra: as comunicações no Estado do Maranhão e Grão-Pará nos princípios do século XVIII

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/revmar.2020.49526

Palavras-chave:

Comunicação Escrita, Alexandre de Sousa Freire, Correios Modernos, Estado do Maranhão e Grão Pará

Resumo

Durante a Idade Moderna, o funcionamento das monarquias e dos negócios dependia da circulação de cartas, ofícios, normas, petições e outros documentos das mais diversas naturezas, tanto em território europeu quanto nos espaços ultramarinos. Tendo em vista as grandes diferenças regionais, as redes que garantiam a comunicação escrita nesses “impérios de papel” assumiram diversas feições nos vários territórios. A partir dessa premissa, este artigo aborda a iniciativa pioneira de Alexandre de Sousa Freire, governador do Maranhão e Grão-Pará, que estabeleceu um correio mensal entre São Luís e Belém por volta de 1730. O estudo busca entender o caso à luz não somente de seus aspectos regionais, mas também diante da história dos sistemas de correios do período moderno, inclusive de um episódio crucial para a comunicação escrita na monarquia portuguesa, qual seja a proibição por D. João V de que o correio-mor atuasse no interior da América.

Biografia do Autor

Romulo Valle Salvino, Universidade Federal Fluminense

Bacharel em História pela Universidade de São Paulo. Mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Douror em História pela Universidade de Brasília (UnB). Pós-doutorando no PPGH - Universidade Federal Fluminense

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Publicado

2020-09-30

Como Citar

Salvino, R. V. (2020). Um correio pelo caminho de terra: as comunicações no Estado do Maranhão e Grão-Pará nos princípios do século XVIII. Revista Maracanan, (25), 103–125. https://doi.org/10.12957/revmar.2020.49526