Tráfico de escravos e escravidão na trajetória do Barão de Nova Friburgo – século XIX
DOI:
https://doi.org/10.12957/revmar.2020.49366Palavras-chave:
Barão de Nova Friburgo, Tráfico de Escravos, Demografia Escrava, Vale do Paraíba, Cafeicultura EscravistaResumo
O presente trabalho tem como objetivo analisar a construção e as características do enorme plantel de escravos do Barão de Nova Friburgo ao longo do século XIX. Localizado entre as vilas de Cantagalo e Nova Friburgo, o conjunto de cativos do Barão começou a se formar com a participação do personagem no tráfico transatlântico de escravos. Tal atividade se desenvolveu exclusivamente durante o período de legalidade e nossa hipótese central aponta que o comércio de escravos foi o responsável pela formação de um plantel de 2180 cativos divididos entre quinze propriedades rurais. Após a análise do tráfico de escravos, passamos a analisar as características demográficas do império escravista angariado pelo Barão. Os principais aspectos analisados foram as relações entre os sexos nas escravarias, a produtividade das fazendas cafeeiras e a possibilidade de reprodução natural dos cativos. Os dois aspectos abordados, o tráfico de escravos e a demografia das fazendas, nos permite expandir a compreensão da formação e das características inerentes aos vastos plantéis de escravos do Vale do Paraíba.
Referências
ALVES, R. O. A Conquista e a expansão da fronteira: Zona da Mata mineira (1808-1850). In: SOUSA, J. P. D.; ANDRADE, R. G. D. (orgs.). Zona da Mata Mineira: fronteira, escravismo e riqueza. Vol. 1. Rio de Janeiro: Apicuri, 2014.
BETHELL, L. A abolição do comércio brasileiro de escravos: a Grã-Bretanha, o Brasil e a questão do comércio de escravos, 1807-1869. Brasília: Senado Federal, 2002.
BORGES, M. F.; SALLES, R. A morte do Barão de Guaribu. Ou o fio da meada. In: MUAZE, M.; SALLES, R. (orgs.). O Vale do Paraíba e o Império do Brasil nos quadros da segunda escravidão. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2015.
CHALHOUB, S. A força da escravidão: ilegalidade e costume no Brasil oitocentista. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
COHN, M. R. A Fazenda Santa Sofia: Cafeicultura e escravidão no Vale do Paraíba Mineiro, 1850-1882. 2013. Tese (Doutorado em História) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.
CONRAD, R. E. Tumbeiros: o tráfico de escravos para o Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1985.
COSTA, E. V. D. Da Senzala à Colônia. São Paulo: Ed. UNESP, 2010.
ENGEMANN, C. De laços e de nós. Rio de Janeiro: Apicuri, 2008.
FLORENTINO, M. Em Costas Negras: Uma História do Tráfico entre A África e o Rio de Janeiro, Séculos XVII e XIX. São Paulo: Ed. Unesp, 2014.
FLORENTINO, M.; GÓES, J. R. A Paz das senzalas: famílias escravas e tráfico atlântico, Rio de Janeiro, c. 1790 – c. 1850. São Paulo: Ed. Unesp, 2017.
FRAGOSO, J. L. R.; PITZER, R. R. Barões, Homens-Livres Pobres e Escravos: Notas sobre o uso de inventários post-mortem na pesquisa histórica. Arrabaldes, Niterói (RJ), v. 1, n. 2, p. 29-52, 1988.
FRAGOSO, J.; FLORENTINO, M. O Arcaísmo como Projeto: mercado atlântico, sociedade agrária e elite mercantil em uma sociedade colonial tardia: Rio de Janeiro, c. 1790 - c. 1840. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
GRINBERG, K. Liberata - a lei da ambiguidade: as ações de liberdade da Corte de Apelação do Rio de Janeiro no século XIX. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994.
GUIMARÃES, C. G. O negócio do tráfico negreiro de João Rodrigues Pereira de Almeida, o Barão de Ubá, e da firma Joaquim Pereira de Almeida, em Moçambique, c. 1808-1829. Africana Studia, Porto, n. 27, p. 65-76, 2016.
LACERDA, A. H. D. Negócios de Minas: Família, fortuna, poder e redes de sociabilidades nas Minas Gerais – A Família Ferreira Armonde (1751-1850). 2010. Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal Fluminense, Niterói (RJ).
LEME, H. D. A. A evolução das máquinas de beneficiar café no Brasil. Anais da ESA “Luiz de Queirós. [S. n. t.]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/aesalq/v10/01.pdf. Acesso em: jul. 2018.
LUNA, F. V.; KLEIN, H. S. Escravismo no Brasil. São Paulo: EDUSP; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010.
LUNA, F. V.; KLEIN, H. S. Evolução da Sociedade e Economia Escravista de São Paulo, de 1750 a 1850. São Paulo: Edusp, 2005.
MAMIGONIAN, B. E. G. K. (org.). Dossiê – “Para inglês ver?” Revisitando a Lei de 1831. Estudos Afro-Asiáticos, ano 29, n. 1/2/3, p. 87-340, jan.-dez. 2007.
MARQUESE, R. B. Administração & Escravidão: Idéias sobre a gestão da agricultura escravista brasileira. São Paulo: Hucitec, 1999.
MARQUESE, R. B. Feitores do corpo, missionários da mente: senhores, letrados e o controle de escravos nas Américas, 1680-1880. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
MARRETTO, R. M. O Barão de Nova Friburgo e a formação da Fazenda Aldeia: sociabilidades e ampliação do complexo cafeeiro. 1849-1874. Tempos Históricos, EDUNIOESTE, Marechal Cândido Rondon (PR), v. 22, p. 175-201, 2018.
MIRANDA, A. R. D. Família escrava no Brasil: um debate historiográfico. Temporalidades, Belo Horizonte, v. 4, n. 2, ago.-dez. 2012.
MOTTA, J. F. Escravos daqui, dali e de mais além: o tráfico interno de cativos em Constituição (Piracicaba), 1861-1880. Revista Brasileira de História (Online), v. 26, p. 15-47, 2006.
PAIVA, C. A.; LIBBY, D. C. Caminhos alternativos: escravidão e reprodução em Minas Gerais no século XIX. Estudos Econômicos, São Paulo, v. 25, n. 2, p. 151-242, 1995.
PARRON, T. A política da escravidão no Império do Brasil (1826-1865). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
PEIXOTO, É. M. Santa Clara do Macuco e a Metamorfose do Trabalho (1850-1888). 2013. Dissertação (Mestrado em História)– Universidade Salgado de Oliveira, Niterói (RJ).
PESSOA, T. C. O Império da Escravidão: o complexo Breves no vale do café (c. 1850 - c. 1888). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2018.
PINHEIRO, F. W. A. O tráfico atlântico de escravos na formação dos plantéis mineiros: Zona da Mata, c. 1809 - c. 1830. 2007. Dissertação (Mestrado em História Social) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
RESTITUTTI, C. C. Comércio e tráfico de escravos nas primeiras décadas do século XIX: novas percepções de duas fontes seriadas. Mneme – Revista de Humanidades, Natal, v. 9, n. 24, set.-out. 2008.
RIBEIRO, A. V. “Perdas em trânsito”: mortalidade escrava na travessia Atlântica. Anais do [...]. XVI Simpósio Nacional de História - ANPUH. São Paulo: ANPUH, 2011. Disponível em: http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1308099903_ARQUIVO_texto_alexandre_ribeiro_junho_2011.pdf. Acesso em: jul. 2018.
RIBEIRO, L. C. M. A invenção como ofício: as máquinas de preparo e benefício do café no século XIX. Anais do Museu Paulista, São Paulo, v. 14, n. 1, p. 121-165, jan.-jun. 2006.
SALLES, R. E. M. M. Família escrava em impérios agrários. O caso da fazenda Guaribú. Acervo. Revista do Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, v. 30, p. 34-50, 2017.
SLENES, R. W. Na senzala, uma flor: esperanças e recordações na família escrava, Brasil sudeste, século XIX. Campinas, SP: Ed. Unicamp, 2011.
SLENES, R. W. The Brazilian Internal Slave Trade, 1850-1888: Regional Economies, Slave Experience and the Politics of a Peculiar Market. In: JOHNSON, Walter (org.). The Chattel Principle: Internal Slave Trades in the Americas. New Haven: Yale University Press, 2004.
TAVARES, L. H. D. T. Comércio proibido de escravos. São Paulo: Ática, 1988.
TOMICH, D. Pelo Prisma da Escravidão. Trabalho, Capital e Economia Mundial. São Paulo: Edusp, 2011.
ZONTA, D. “Moçambique” no século XIX: do comércio de escravos ao comércio legítimo. Dimensões, Vitória, v. 28, p. 315-338, 2012.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à Revista Maracanan o direito de publicação, sob uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, a qual permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original.
Os dados e conceitos abordados são da exclusiva responsabilidade do autor.
A Revista Maracanan está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.