A perspectiva interseccional-rizomática nas narrativas (auto)biografias de universitárias
DOI:
https://doi.org/10.12957/revmar.2019.40189Palavras-chave:
(Auto)biografia, Universidade, Interseccionalidade, Resiliência, RizomaResumo
O objetivo deste artigo foi descrever e analisar, através das (auto)biografias de duas universitárias - uma do curso de Enfermagem e outra do curso de Pedagogia - fenômenos que envolvem a interseccionalidade e o modelo de rizoma, entre pobreza, etnia, gênero, os processos de superação, mobilidade social e a pesquisa como fator de biografização. As duas universitárias ingressaram na universidade através do vestibular, sem cotas sociais ou étnico-raciais. Partindo do princípio teórico-metodológico da biografização e projeto de si propostos por Cristine Delory-Momberger e Maria da Conceição Passeggi, verificamos que a mobilidade social foi basicamente forjada na resiliência pessoal e familiar, no capital social e cultural. A perspectiva da interseccionalidade-rizomática se evidenciou na narrativa (auto)biográfica da universitária do curso de Pedagogia, porque ela expressa o nível de reflexão crítica sobre a sua autoidentificação étnica, classe social e gênero, por ocasião da construção do seu Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação (TCC) e como integrante do “Grupo de Estudos e Pesquisas Autobiográficas”, inferindo a relevância do universitário pesquisador-reflexivo de sua própria história de vida. O que não se evidenciou na narrativa (auto)biográfica da universitária do curso de Enfermagem.
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