Entre a repressão policial e o saber médico: o controle social da loucura no Espírito Santo entre o fim do século XIX e os anos 1950
DOI:
https://doi.org/10.12957/revmar.2019.36980Palavras-chave:
História da Loucura, Espírito Santo, Adauto BotelhoResumo
O presente artigo visa oferecer um panorama histórico do que foi o trato com o problema social da loucura entre o final do século XIX e os anos cinquenta do século XX no estado do Espírito Santo. Pautando-nos em uma análise do desenvolvimento de instituições e de saberes médicos em âmbito local, buscaremos compreender as principais características assumidas pela preocupação com o lugar do louco na sociedade capixaba ao longo do período em questão. Baseando-nos na crítica foucaultiana dos jogos de exclusão operados pelo saber científico na modernidade, sustentaremos a hipótese de que a institucionalização do trato com a loucura no Espírito Santo representou muito mais a ressignificação de antigas práticas repressivas e policialescas de exclusão do louco do corpo social local do que propriamente a sua superação. A fim de comprovar a hipótese em questão, analisaremos livros de entrada, prontuários e algumas entrevistas de funcionários daquela que seria a principal instituição responsável por modernizar e por superar o atraso em relação ao tratamento dos loucos nos anos 1950 em nosso estado: o Hospital Adauto Botelho.
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