Rendas e Gravatas: moda, identidade e gênero na Imprensa Ilustrada carioca, 1900-1914
DOI:
https://doi.org/10.12957/revmar.2019.36670Palavras-chave:
Rio de Janeiro, Imprensa, Vestuário, Gênero, Subcultura femininaResumo
Este texto analisa o modo pelo qual certo estilo feminino de comportamento, associado a formas de vestir adotadas no Rio de Janeiro entre 1900-1914, numa subcultura feminina de grupos de mulheres que entravam no mercado de trabalho ou estavam em vias de profissionalização, era representado em imagens de imprensa cujos autores eram, na maioria, homens. Partimos da hipótese de que o jogo de exposição e representação das mulheres desses grupos, vistas como divergentes da cultura hegemônica burguesa por seu comportamento e vestuário, revelou um dispositivo criativo que subvertia os marcadores de gênero, por meio da manipulação de alguns sinais diacríticos – como roupas, ornamentos e performances públicas – que, aos olhos dos homens da imprensa, expressavam uma identidade feminina nova e híbrida, na qual feminino e masculino pareciam estar justapostos. Nesse jogo, o comportamento e as roupas daqueles grupos de mulheres são metáforas de uma individualidade feminina divergente, bem como dispositivos disruptivos da imagem da mulher frívola e domesticada, própria à época.
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