Serendipidades missionárias

Missionação, viagens a terras distantes e os primórdios da História Natural da Companhia de Jesus no século XVI – Das instruções epistolares iniciais à Carta de José de Anchieta de 1560 sobre a natureza de São Vicente

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/intellectus.2025.86651

Palavras-chave:

História da História Natural, História da Companhia de Jesus, História Moderna

Resumo

Analisaremos neste estudo o modo como os missionários da Companhia de Jesus descreveram em primeira mão a natureza das Índias orientais e ocidentais nas suas práticas epistolares e a importância que essas mesmas práticas tiveram na confecção de uma História Natural jesuítica. Isso levando em consideração o impacto de determinados projetos enciclopédicos europeus, e mais especialmente aquele formulado pelo Cardeal Marcello Cervini e seu círculo romano, que dirigiram e guiaram os missionários nessas novas atividades, apontando para um novo lugar das práticas missionárias na confecção do conhecimento científico na primeira metade do século XVI. 

Biografia do Autor

Bruno Martins Boto Leite, Universidade Federal Rural de Pernambuco

Professor Adjunto do Departamento de História da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Brasil. Responsável pela Área de História Moderna. Doutor em História pelo European University Institute, Itália

Referências

Fontes

“Auto do inventário e avaliação dos livros achados no Colégio dos Jesuítas do Rio de Janeiro e seqüestrados em 1775" (1973), Revista do IHGB, Vol. 301, out.-dez., p. 212-259.

Monumenta missionum Societatis Iesu, Vol. X, Missiones Occidentales, Monumenta Brasiliae, Tomo III (1958). Roma: Monumenta Historica Societatis Iesu.

Monumenta missionum Societatis Iesu, Vol. X, Missiones Occidentales, Monumenta Brasiliae, Tomo I (1956). Roma: Monumenta Historica Societatis Iesu.

Monumenta missionum Societatis Iesu, Vol. VI, Missiones Orientales, Documenta Indica, tomo III (1954). Roma: Apud Monumenta Historica Societatis Iesu.

ANCHIETA, José de (1988). Cartas jesuíticas 3 – Informações, fragmentos históricos e sermões. Belo Horizonte: Itatiaia.

LOYOLA, Inácio de (1907a). Monumenta Ignatiana, ex autographis vel ex antiquioribus exemplis collecta, Series prima, Sanctii Ignatii de Loyola Societatis Iesu Fundatores, Epistolae et Instructiones. Tomo VI. Madrid: Typis Gabrielis Lopez del Horno.

LOYOLA, Inácio de (1907b). Monumenta Ignatiana, ex autographis vel ex antiquioribus exemplis collecta, Series prima, Sanctii Ignatii de Loyola Societatis Iesu Fundatores, Epistolae et Instructiones. Tomo V. Madrid: Typis Gabrielis Lopez del Horno.

LOYOLA, Inácio de (1906). Sancti Ignatii de Loyola Societatis Jesu fundatoris epistolae et instructiones. Tomus Sextus 1553–1554. Madrid: Gabriel López del Horno.

LUKACS, Ladislau (1974). Monumenta paedagogica Societatis Iesu. II (1557-1572), Roma: Institutum Historicum Societatis Iesu.

NÓBREGA, Manuel da (1988). Cartas jesuíticas 1: Cartas do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia.

Referências bibliográficas

ASÚA, Miguel de (2014). Science in the Vanished Arcadia – Knowledge of Nature in the Jesuit Missions of Paraguay and Río de la Plata. Leiden: Brill.

BARRERA-OSORIO, Antonio (2006). Experiencing Nature – The spanish american empire and the early Scientific Revolution. Austin: UTP.

CANIZARES-ESGUERRA, J. (2004). “Iberian Science in the Renaissance: Ignored how much longer?” In: Perspectives on Science, v. 12, n. 1, p. 86–124.

CORREIA-Afonso, John (1955). Jesuit letters and Indian history. A study of the nature and development of the jesuit letters in India (1542-1773) and their value for Indian Historiography. Prefácio de Georg Schurhammer, Bombay.

DAINVILLE, François de (1940). Les jesuítes et l’éducation de la société française – La naissance de l’humanisme moderne. Paris: Beauchesne et ses fils.

DE WITTE, Ch. (1986). La correspondance des premiers nonces permanents au Portugal: 1532-1553, II, Lisboa.

DOREZ, L. (1892). “Le cardinal Marcello Cervini et l'imprimerie à Rome (1539-50)”, in: Mélanges d'archéologie et d'histoire de l'École française de Rome, 12, pp. 289-313.

EISENBERG, José (2000). As missões jesuíticas e o pensamento político moderno: Encontros Culturais, Aventuras Teóricas. Belo Horizonte: Ed. UFMG.

FERRO, João Pedro (1993). “A epistolografia no quotidiano dos missionários jesuítas nos séculos XVI e XVII”. In: Lusitania Sacra, 2ª série, 5, pp. 137-158.

FIGUEROA, Luis Millones & LEDEZMA, Domingo (org.) (2005). El saber de los jesuítas, historias naturales y el Nuevo Mundo. Madrid: Iberoamericana.

FINDLEN, Paula (1994). Possessing Nature: Museums, Collecting, and Scientific Culture in Early Modern Italy. California: University of California Press.

FRANCA, Leonel (1952). O método pedagógico dos jesuítas: o “Ratio Studiorum”: Introdução e Tradução. Rio de Janeiro: Livraria Agir Editora.

FREEDBERG, David (2002). The eye of the Lynx – Galileo his friends, and the beginnings of modern natural history. Chicago: University of Chicago Press.

GESTEIRA, Heloisa (2014). “Descrições da América: História Natural, circulação de ideias e a formação territorial do Brasil (séculos XVI ao XVIII)” In: Intellèctus, Ano XIII, n. 2, pp. 1-30.

GOTOR, Miguel (2004). Chiesa e Santità nell’Italia Moderna. Roma: Editori Laterza.

HUDON, W. V. (1992). Marcello Cervini and the Ecclesiastical Government in Tridentine Italy. Illinois: Northern Illinois University Press.

JARDINE, N.; SECORD, J. A.; SPARY, E. C. (Orgs.) (1996). Cultures of Natural History. Cambridge: Cambridge University Press.

LEITE, Bruno Martins Boto (2020). “Fábrica de intelectuais - O ensino de Artes nos Colégios jesuíticos do Brasil, 1572-1759”. HISTÓRIA UNISINOS, v. 24, pp. 21-33.

LEITE, Bruno Martins Boto (2014a). “Animalia exotica et mirabilia - Os animais brasileiros na cultura europeia da época moderna de Thevet a Redi”. In: KURY, Lorelai Brilhante. (Org.). Representações da fauna no Brasil séculos XVI - XX. 1ed. Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson Estúdio, v. 1, pp. 40-81.

LEITE, Bruno Martins Boto (2014b). “A biblioteca do antigo Colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro. Inventário das obras que restaram”. ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL, v. 130, pp. 255-289.

MARTINS, José Vitorino de Pina(1997). “Humanismo (1487-1537)”. In: História da Universidade em Portugal. I Volume, Tomo I (1290-1536). Coimbra: Universidade de Coimbra/Fundação Calouste Gulbenkian.

MOUREN, Raphaële (2004). “La lecture assidue des classiques: Marcello Cervini et Piero Vettori”. In: Humanisme et Église en Italie et en France méridionale (XVe siècle – milieu du XVIe siècle). Roma: École Française de Rome, pp. 433-463.

OGILVIE, Brian W. (2006). The Science of Describing – Natural History in Renaissance Europe. Chicago: UCP.

O’MALLEY, John (1999). “The historiography of the Society of Jesus: Where does it stand today?”. In: John O'Malley et alii (eds.). The Jesuits: cultures, sciences, and the arts, 1540-1773. Toronto: University of Toronto Press, pp. 3-37.

PIACENTINI, Paola (2001). La biblioteca di Marcello II Cervini – Una ricostruzione dalle carte di Jeanne Bignami Odier – I libri a stampa. Cidade do Vaticano: Biblioteca Apostolica do Vaticano.

PRIETO, Andres I. (2011). Missionary Scientists – Jesuit Science in Spanish South America, 1570–1810. Nashville: VUP.

PRODI, Paolo (2010). El soberano pontífice - Un cuerpo y dos almas: la monarquía papal en la primera Edad Moderna. Madrid: Akal.

RAMALHO, Américo da Costa. (1997). “O Humanismo (Depois de 1537)” In: História da Universidade em Portugal I Volume, Tomo II (1537-1771). Coimbra: Universidade de Coimbra/Fundação Calouste Gulbenkian.

WOODWARD, K. L. (1992). A Fábrica de Santos. São Paulo: Siciliano.

Downloads

Publicado

2025-01-13

Como Citar

Martins Boto Leite, B. (2025). Serendipidades missionárias: Missionação, viagens a terras distantes e os primórdios da História Natural da Companhia de Jesus no século XVI – Das instruções epistolares iniciais à Carta de José de Anchieta de 1560 sobre a natureza de São Vicente. Intellèctus, 24(1), 98–127. https://doi.org/10.12957/intellectus.2025.86651