O Grande Medo Brasileiro: imaginário social, cultura do medo e anticomunismo no Brasil da Segunda República

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/intellectus.2023.77753

Palavras-chave:

Cultura do Medo, Imaginário Coletivo, Anticomunismo

Resumo

O declínio da Primeira República, provocado, principalmente, pela ruptura do pacto interelites que dominava a cena política brasileira nas três primeiras décadas do século XX, reacendeu o conflito político, colocando em confronto novos grupos em disputa pelo poder. Embora essa nova contenda tivesse tido lugar no campo prático, caso da própria Revolução de 1930, foi, especialmente, no âmbito das narrativas, que se travou a principal batalha, o que permitiu o retorno ainda mais contundente ao campo das ações práticas. Portanto, este artigo irá tratar a maneira pela qual a construção dessa narrativa permitiu aos novos grupos detentores do poder transmitir ao imaginário social a ideia de que seus opositores representavam um perigo “iminente e real”, não aos seus interesses, mas à sociedade como um todo.

Biografia do Autor

José Antonio de Andrade, Universidade Salgado de Oliveira

Doutorando em História Política pela Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO

Mestre em História Política pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ

Referências

ALMOND, Gabriel Abraham; BINGHAM JR, Powell (1972). Uma teoria de política comparada. Rio de Janeiro: Zahar.

AMARAL, Amadeu (1976). Política humana. São Paulo: Hucitec.

ANDRADE, José Antonio de (2022). Forjando o inimigo: Getúlio Vargas, a mídia e o grande medo do comunismo. Dissertação (Mestrado em História). Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

ASSIS, Machado de (1996). A Semana: crônicas (1892- 1893). Obras completas. 1ª Ed. Vol. 1. Rio de Janeiro: Hucitec.

AZZI, Riolando (1979). O fortalecimento da restauração católica no Brasil (1930-1940). Síntese

– Revista de Filosofia, v. 6, n. 17, p. 69-85, 1979. Disponível em: https://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/Sintese/article/view/2291. Acesso em: 18 fev. 2022.

AZEVEDO, Thales (1981). A religião Civil Brasileira: um Instrumento político: Rio de Janeiro.

Vozes.

BACZKO, Bronislaw (1985). Imaginação social. In: Enciclopédia Einaudi. Antropos-Homem.

Lisboa: Imprensa Nacional, Casa da Moeda, p. 296-332.

BARROS, Orlando de (2001). Custódio Mesquita: Um compositor romântico no tempo de Vargas (1930-45). Rio de Janeiro: EdUERJ.

BARROS, Orlando de (2007). Os intelectuais de esquerda e o ministério de Lindolfo Collor. In: FERREIRA, Jorge; REIS, Daniel Aarão (Org.). A formação das tradições (1889-1945). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, pp.298-330.

CARVALHO, José Murillo de. A utopia de Oliveira Viana. Estudos Históricos. v. 4, n. 7, p. 82-99, 1991. Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/2310. Acesso em: 20 ago. 2023.

CARVALHO, José Murilo de (1998). O motivo edênico no imaginário social brasileiro. Revista Brasileira De Ciências Sociais. vol. 13, n.38, p. 63-69. DOI: 10.1590/S0102- 69091998000300004. Acesso em: 20 set. 2020.

MAIA, Andréa Casa Nova; CARDOSO, Luciene Carris; SANTOS, Vicente Saul Moreia dos (2018). Russos em Revista :a Revolução Russa nas revistas ilustradas brasileiras. Rio de Janeiro: Gramma.

COELHO, Teixeira (1997). Dicionário crítico de política cultural: cultura e imaginário. São Paulo: Iluminuras.

DELUMEAU, Jean. (2009). A História do Medo no ocidente 1300 – 1800: uma cidade sitiada. São Paulo: Companhia das Letras.

FERREIRA, Muniz. (2020). A Geração do Demônio: um Estudo sobre as Origens do Imaginário Anticomunista Baiano. Revista Binacional Brasil-Argentina: Diálogo Entre As Ciências, v. 2,

n. 1, p. 131-147. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/rbba/article/view/1363. Acesso em: 30 out. 2023.

FIORIN, José Luiz (1989). Elementos de Análise do Discurso - Série: Repensando a Língua Portuguesa. São Paulo: Ed. Contexto/Universidade de São Paulo.

DULLES, John Watson Foster (1973). Anarquistas e comunistas no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

SOBRINHO, Sergio Francisco (2014). A cultura do medo e as transgressões contemporâneas. Revista Direito, Estado e Sociedade. v. 9, n. 27, p. 215-226. DOI: 10.17808/des.27.318. Acesso em: 17 de abr. 2023.

GEERTZ, Clifford (1989). A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Guanabara.

GOMES, Flavio dos Santos (2006). Histórias de quilombolas: mocambos e comunidades de senzalas no Rio de Janeiro, século XIX. Ed ver. e ampl. São Paulo: Companhia da Letras.

GONÇALVES, Márcia de Almeida (1995). nimos Timoratos: Uma leitura dos medos sociais na Corte no tempo das Regências. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro.

IGLESIAS, Francisco (1971). História e Ideologia. São Paulo: Perspectiva.

LACAVE, José Luis (1992). Juderias y Sinagogas Españolas. Coleção Sefarad. Madrid: Editora Mapfre.

LEAL, Cláudia (2006). Pensiero e dinamite: anarquismo e repressão em São Paulo nos anos 1890. Tese (Doutorado em História). Universidade de Campinas, Campinas.

LEFEBVRE, Georges (1979). O grande medo de 1789: os camponeses e a Revolução Francesa.

Rio de Janeiro: Campus.

MALAGUTI BATISTA, Vera (2003). O medo na cidade do Rio de Janeiro: dois tempos de uma história. Rio de Janeiro: Revan.

MACHADO, Maria Helena Pereira de Toledo (1994). O Plano e o Pânico: os movimentos sociais na década da abolição. Rio de Janeiro: UFRJ, EDUSP.

MARIANI, Bethania Sampaio Correa (1998). O PCB e a imprensa. Os comunistas no imaginário dos jornais (1922-1989). Rio de Janeiro: Revan.

MENDES, Ricardo (2021). A “inconfidência baiana” de 1798: um projeto de nação possível. Rio

de Janeiro: Estudos Americanos.

MESSADIÉ, Gerald (2003). História Geral do Anti-semitismo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

MONTEIRO, Fabricio Pinto (2017). O terrorismo anarquista no Brasil da Primeira República:

construções de sentidos de militantes e a repressão governamental. Revista Escrita da História. vol. 4, n. 8, pp. 262-287. Disponível em: https://www.escritadahistoria.com/index.php/reh/article/view/90. Acesso em: 14 jul. 2023.

MOTTA, Rodrigo Patto Sá (2020). Em Guarda contra o perigo vermelho: o anticomunismo no Brasil (1917-1964). 2ª Ed. Rio de Janeiro: EdUFF.

MOTTA, Rodrigo Patto Sá (2021). Passados presentes: o golpe de 1964 e a Ditadura Militar. Rio de Janeiro: Zahar.

MOURELLE, Thiago Cavaliere (2015). Guerra pelo poder: a Câmara dos Deputados confronta Vargas (1934-1935). Tese (Doutorado em História). Universidade Federal Fluminense, Niterói.

NOVINSKY, Anita (1982). A inquisição. São Paulo: Brasiliense.

ODALIA, Nilo (1997). As formas do mesmo: Ensaios sobre o pensamento historiográfico de Varnhagem e Oliveira Viana. São Paulo: Editora da UNESP.

PROUDHON, Pierre-Joseph (2014). A propriedade é um roubo. Trad. Suely Bastos. Porto Alegre: L&PM.

RIBEIRO, Jayme Fernandes (2014). O Rio de Janeiro e a insurreição comunista de 1935. In: FERREIRA, Jorge (Org.). O Rio de Janeiro nos jornais: ideologia, culturas políticas e conflitos sociais (1930-1945). 1ª Ed. Rio de Janeiro: 7 Letras, p. 79-104.

RUDÉ, George (1991). A multidão na história: estudo dos movimentos populares na França e na Inglaterra: 1730-1848. Trad. Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Campus.

SAMIS, Alexandre (2004). Pavilhão negro sobre pátria oliva: sindicalismo e anarquismo no Brasil. In: COLOMBO, Eduardo; COLSON, Daniel; MINTZ, Frank. et.al. História do movimento operário revolucionário. São Paulo/São Caetano do Sul: Imaginário/IMES, Observatório de Políticas Sociais, p. 125-189.

SZABO, Denis (1972). Political crimes: a historical perspective. Denver Journal of International Law and Policy., v. 2, n. 1, p. 7-22. Disponível em: https://digitalcommons.du.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=2154&context=djilp. Acesso em: 12 mai. 2023.

VASCONCELLOS, Pedro Lima (2010). Uma nova visita a um velho preconceito: os “judaizantes” como judeus. In: NOGUEIRA, Paulo Augusto de Souza; FUNARI, Pedro Paulo Abreu.; COLLINS, John (Org.). Identidades fluídas no judaísmo antigo e no cristianismo primitivo. São Paulo: Annablume, p. 332-345.

Downloads

Publicado

2023-12-12

Como Citar

de Andrade, J. A. (2023). O Grande Medo Brasileiro: imaginário social, cultura do medo e anticomunismo no Brasil da Segunda República. Intellèctus, 22(2), 21–43. https://doi.org/10.12957/intellectus.2023.77753