Ricardo Severo e o Neocolonial: Tradição e Modernidade no debate cultural dos anos 1920 no Brasil
Palavras-chave:
Neocolonial, Nacionalismo, Identidade, ModernismoResumo
Em 1914, em meio a um grande surto de remodelações urbanas e arquitetônicas nas principais cidades do Brasil, o erudito engenheiro português Ricardo Severo concluiu sua palestra “A Arte Tradicional Brasileira” exortando os “jovens arquitetos nacionais” a iniciar “uma nova era de Renascença Brasileira...” (1916, p. 82). Em 1917, esse mesmo engenheiro ensaiou uma primeira abordagem histórico-tipológica da arquitetura brasileira, em que, a par de enfatizar sua filiação à arquitetura portuguesa, indicava características a serem aproveitadas na produção arquitetônica contemporânea. Estavam lançadas assim as bases para o movimento que logo ficaria conhecido como Neocolonial, e que se mostraria capaz de promover significativa mobilização simbólica, extravasando os estreitos círculos acadêmicos e alcançando grande popularidade em meios bastante diversificados. Embora o alcance e significado da tendência costumem ser menosprezados na historiografia da arquitetura brasileira, pesquisas atuais permitem situá-lo entre os movimentos pioneiros de matizes nacionalistas que mais ampla difusão alcançou entre nós – e isso, tratando-se de uma proposta ancorada na arquitetura, que exige para sua concretização o comprometimento efetivo de recursos vultosos, não é pouca coisa.Em São Paulo, as propostas de Ricardo Severo foram explicitamente elogiadas por Mário de Andrade em suas primeiras crônicas da década de 1920, o que certamente explica a presença do Neocolonial na Seção de Arquitetura da Semana de Arte Moderna de 1922. No Rio de Janeiro, a figura de proa do movimento é o médico pernambucano e diletante das artes José Mariano Filho, patrocinador de pesquisas sobre arquitetura brasileira e concursos de projetos neocoloniais, em que teve destacada participação o arquiteto Lucio Costa. Este texto pretende explorar a repercussão das idéias de Severo em tais círculos intelectuais, evidenciando seu papel na própria gênese do modernismo brasileiro.Downloads
Publicado
2011-12-01
Como Citar
Pinheiro, M. L. B. (2011). Ricardo Severo e o Neocolonial: Tradição e Modernidade no debate cultural dos anos 1920 no Brasil. Intellèctus, 10(1). Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/intellectus/article/view/27692
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Artigos Livres
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