Educação bancária é emissão de conteúdos: transmissão exige comunicação dialógica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/rcd.2021.59891

Palavras-chave:

dialogia freireana, educação e comunicação, educação libertadora e emancipação social, interação democrática

Resumo

Paulo Freire formulou, dentre muitas outras, as noções de Educação Bancária e Educação Dialógica, opondo-as e esclarecendo os problemas que via na primeira e o potencial que percebia na segunda. Entendendo que a noção de transmissão de conhecimentos que está presente no modelo bancário de escola não resiste ao desafio de nenhuma perspectiva teórica sobre a comunicação, ou mesmo de educação, este texto defende que este modelo não se estrutura para a compreensão dos conteúdos, mas para impor aos destinatários da mensagem a consciência de sua ignorância. Por outro lado, baseada, portanto, na dialogia, a proposta freireana de uma educação problematizadora e libertadora se fundamenta na efetividade da comunicação, não mais numa perspectiva de emissor e receptor, mas numa perspectiva interativa dialógica. O texto busca, portanto, evidenciar a precariedade comunicacional do modelo de educação bancária e, em contraponto a ele, traz a perspectiva dialógica de educação, proposta por Freire, o que foi feito recorrendo-se a Habermas, principalmente, e a Maturana e Boaventura de Sousa Santos, que trazem contribuições relevantes ao debate, contribuindo para que o processo educativo seja repensado e inserido em uma lógica de sociedade democrática e participativa.

Biografia do Autor

Inês Barbosa de Oliveira, Universidade Estácio de Sá

Doutora em “Sciences Et Théories de L'éducation” pela Université de Sciences Humaines de Strasbourg (1993). Pós-doutora pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (2002). Diploma de « Habilitation à Diriger des Recherches » (HDR) pela Université de Rouen (França, 2013).

Professora Adjunta do Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE) da UNESA, Professora titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Ex-presidente da Associação Brasileira de Currículo (ABdC – 2015-2019)
Atua na área de Educação, no campo de estudos do Currículo e do Cotidiano Escolar como políticaspráticas cotidianas e do direito à educação, trabalhando com a questão da emancipação social e do papel da educação neste processo, na perspectiva da justiça cognitiva e da cidadania horizontal, tendo desenvolvido a noção de currículo como criação cotidiana.

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Publicado

2021-08-06

Como Citar

Oliveira, I. B. de. (2021). Educação bancária é emissão de conteúdos: transmissão exige comunicação dialógica. Revista De Comunicação Dialógica, (5), 9–30. https://doi.org/10.12957/rcd.2021.59891

Edição

Seção

Artigos