AMOLDAMENTO SOCIAL: UMA BREVE ANÁLISE DE FORMAS INTENCIONAIS E NÃO INTENCIONAIS DE MOLDAR AS CONSCIÊNCIAS E OS CORPOS DOS INDIVÍDUOS

Autores

  • Sabrina Reis PUC-RIO

DOI:

https://doi.org/10.12957/hne.2017.31979

Palavras-chave:

Alienação, Cotidiano Programado, Amoldamento Social.

Resumo

O presente artigo é fruto de uma pesquisa em andamento através do curso de doutorado em Geografia da PUC-Rio e tem o objetivo de fazer uma breve análise de cinco conceitos -alienação, pseudoconcreticidade, cotidiano programado, heteronomia e sonambulismo espacial- estabelecendo um diálogo entre eles, pois acreditamos que todos convergem na direção de um mesmo fenômeno social,  que influencia o modo como os indivíduos formam suas consciências e agem em suas vidas cotidianas: o amoldamento social. O atual clima político que se encontra nosso país nos coloca a refletir sobre como a população se comporta frente aos últimos escândalos noticiados pela grande mídia e às medidas impostas pelos governos, que põe em risco direitos trabalhistas conquistados com muita luta ao longo dos anos. Acreditamos que tais conceitos serão de grande ajuda nessa empreitada. O sonâmbulo espacial, alienado, restrito ao mundo das aparências, que vive um cotidiano programado é formado em heteronomia. Temos aí um indivíduo alheio às suas próprias motivações. Alheio às próprias causas que guiam o seu pensar (ou não pensar) e o seu agir. Um indivíduo que vai seguindo uma espécie de roteiro sem saber que toma para si uma conjunto de crenças e valores exteriores, que determinam a sua conduta. Um sujeito que é moldado desde a infância até a velhice. Do diálogo dos cinco conceitos chegamos ao conceito de amoldamento social -  termo que nos parece adequado para englobar um fenômeno bem presente na contemporaneidade. Aqui, entende-se por amoldamento social os processos e mecanismos que, de forma proposital ou não, moldam a forma como os sujeitos enxergam o mundo. Ou seja, moldam a consciência dos sujeitos, naturalizando fenômenos sociais, produzindo aceitação, conformismo e a (falsa) sensação de imutabilidade do sistema vigente.  Acreditamos que a alienação tratada por Mészáros (2016), a pseudoconcreticidade de Kosik (1969), a heteronomia de Castoriadis (1982), o cotidiano programado de Lefebvre (1991) e o sonambulismo espacial de Lacoste (2014) são teorias que apontam para a perda de sentido da vida pelos indivíduos. Vive-se o programado e pouco sobra do espontâneo, do orgânico, do subversivo. Desde nosso nascimento, inseridos em uma família, somos moldados, conforme a ideologia da classe dominante.  As instituições burguesas reproduzirem a ideologia dominante, formando consciências limitadas, conformadas e corpos dóceis. Ensinam-nos a obedecer, a nos encaixar, a agradecer e respeitar a vontade divina, a aceitar nosso lugar na hierarquia social ou a nos culpabilizar por nossa condição, afinal não devemos ter nos esforçado o suficiente. Acreditamos que o apolitismo ou a confusão política que podemos observar na população frente à instabilidade política e econômica que vivencia o país é fruto desse amoldamento social, que naturaliza os fenômenos sociais, produz aceitação, conformismo e a sensação de imutabilidade do sistema vigente.

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