A VOZ DO JOVEM DA BAIXADA: UMA PERCEPÇÃO DA CHEGADA DO SOMA HUB NO MUNICÍPIO DE CAXIAS

Autores

  • Ana Beatriz Costa Farias UERJ
  • Jonathan Araujo Barreto de Souza UERJ

DOI:

https://doi.org/10.12957/hne.2017.31966

Palavras-chave:

Cultura, Identidade Local, Multiplataforma.

Resumo

A Baixada Fluminense, localizada na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro, caracteriza-se por uma forte diferenciação interna, com variedade de classes e grupos sociais. De acordo com Stuart Hall, a cultura possui dimensões de estruturação empírica da realidade que vivemos e exercendo papel importante na constituição e transformação das compreensões e explicações das mais variadas formas de representar o mundo. A baixada possui grandes carências estruturais da cultura, além de apresentar significativos índices de vulnerabilidade associados aos problemas sociais e ambientais, em contraponto a abundante diversidade cultural de seus moradores. É necessário compreender que a falta de espaços destinados a manifestações artísticas- culturais desta região causa retrações de representação e expressão de identidade da população, na maioria das vezes acontecendo de forma desordenada em locais não apropriados por falta de gestão dos órgãos responsáveis por sua reprodução. O objetivo deste trabalho é apresentar o impacto que o espaço multiplataforma chamado Soma Hub causa no município de Duque de Caxias, e arredores. Como a sua leva de demandas culturais representativas gera mudanças nas próprias práticas de lazer e manifestação do jovem da região. A metodologia é baseada na percepção experiencial de Yi-Fu Tuan, que apresenta a própria experiência deste morador da baixada evidenciando o seu valor de importância colocado sobre o Soma Hub e suas principais mudanças geográficas da cidade. Foram aplicados trinta questionários online para os moradores. Os resultados mostram que com a implementação do espaço ocorreu o aumento da disponibilidade de atividades de diversos estilos, fluindo do funk ao rock, e ainda produzindo ações de teor educacional, como palestras, oficinas, debates e saraus. Os jovens destacaram a proposta alternativa do espaço, com programação e intervenções que geram debates e a propagação cultural de novos movimentos da música, da arte e da moda. O espaço é percebido de forma positiva ao estar voltado para exposições de artistas locais e tem influenciado diretamente na identidade local, como exemplo o grupo de fotografia cenabxd. Por fim, as declarações afirmam que o Soma não é apenas centro de incentivo cultural e econômico (para pequenos empreendedores), proporciona também experiência inédita de vivência em Duque de Caxias, como a seguinte afirmação de um entrevistado sobre o que mais gosta no lugar: “A singularidade porque é um lugar diferente de todos os outros de Caxias, que consegue oferecer ótimos eventos culturais, de forma totalmente acessível”. Os eventos antes vistos apenas na capital, como Arco do Teles e Praça Mauá, são levados para baixada com qualidade surpreendente, implicando na diminuição dos deslocamentos dos moradores da baixada para a região central do Rio em busca de lazer. A chegada do Soma interferiu nas geografias dos jovens que agora possuem pontos de cultura, e de compartilhamento identidades e ideias na baixada.

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