Narrativas de um real em ruínas: dois momentos da literatura portuguesa pós-25 de abril

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/matraga.2021.58843

Palavras-chave:

Literatura Portuguesa Contemporânea, Guerra Colonial, Retornados.

Resumo

Diversos críticos têm apontado para uma espécie de recuperação do realismo na narrativa portuguesa contemporânea, especialmente naquela produzida após o fim do Estado Novo e a consequente descolonização dos territórios africanos. Se o período entre as décadas de 30 e 70 do século XX foi marcado por silenciamentos e censura, após a Revolução dos Cravos, em 1974, vemos o surgimento de vários romances que trazem principalmente o tema da Guerra Colonial como foco. Por outro lado, alguns desdobramentos desse contexto, como a condição dos retornados na sociedade portuguesa, parecem surgir somente em um momento posterior, sobretudo a partir da década de 90, e vem ganhando novo fôlego no século XXI. Nesse sentido, este artigo propõe-se a realizar uma análise do que identificamos como dois momentos de abordagem do real na literatura portuguesa contemporânea: o primeiro, voltado para os anos imediatamente após a Revolução dos Cravos e observando um foco maior no cenário da Guerra Colonial, a partir das obras Os Cus de Judas (1979), Autópsia de um mar de ruínas (1984), A Costa dos Murmúrios (1988) e Jornada de África (1989); e o segundo recorte a partir do final do século XX e até o início da segunda década do século XXI, com as obras O esplendor de Portugal (1997), Caderno de memórias coloniais (2009) e O retorno (2012), que já trazem uma atenção especial à situação dos retornados. Em comum, os dois momentos acabam por identificar uma realidade de ruína, especialmente do imaginário criado pelos discursos do Estado Novo.

Biografia do Autor

Roberta Guimarães Franco, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

É Professora Adjunta de Literatura Portuguesa da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. É Doutora (2013) em Estudos literários (Literatura Comparada) pela Universi- dade Federal Fluminense com período sanduíche no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Atuou, entre 2013 e 2021, como Professora Adjunta das áreas de Literatura Portu- guesa e Literaturas Africanas de Língua Portuguesa da Universidade Federal de Lavras-MG, on- de é membro permanente do Mestrado em Letras. Suas áreas de interesse são, especialmente, as Literaturas Portuguesa, Angolana e Moçambicana, os Estudos Culturais e a Teoria Pós-colonial. Publicou Descortinando a inocência: infância e violências em três obras da literatura angolana (EDUFF, 2016) e Memórias em trânsito: deslocamentos distópicos em três romances pós-coloniais (Alameda, 2019, com financiamento da FAPEMIG).

Karol Sousa Bernardes, Universidade Federal de Lavras (UFLA)

É Graduada em Letras (Português-Inglês e suas Literaturas) pela Universidade Federal de Lavras. Desenvolve pesquisas na área de Literatura Comparada, investigando as relações entre Literatura Portuguesa, História e Memória. Alguns de seus temas de interesse são: a Guerra Colonial portuguesa, o Estado Novo português e a Literatura pós-25 de abril.

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Publicado

2021-10-12

Como Citar

Franco, R. G., & Bernardes, K. S. (2021). Narrativas de um real em ruínas: dois momentos da literatura portuguesa pós-25 de abril. Matraga - Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Letras Da UERJ, 28(54), 540–552. https://doi.org/10.12957/matraga.2021.58843

Edição

Seção

Estudos Literários