“Vontade de ser útil à minha Pátria, a fazer tinta de escrever”: Antônio Muniz de Souza, os sertões e a Breve notícia da Revolução do Brasil (1820-1822)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/revmar.2022.68980

Palavras-chave:

Antônio Muniz de Souza. Revolução do Brasil. 1822.

Resumo

Antônio Muniz de Souza foi um viajante que se deslocou pelos sertões do Brasil ao longo dos primeiros decênios do século XIX. Em suas viagens, o letrado notabilizou-se pelo recolhimento de materiais, que foram doados aos acervos das instituições científicas do Rio de Janeiro. Por essa razão, recebeu a alcunha de “Homem da Natureza”. Além disso, a experiência das viagens foi registrada por meio da publicação de livros, que descortinavam os sertões brasileiros em pleno contexto da independência e da invenção da nação. Neste artigo tenho como escopo a escrita de Antônio Muniz de Souza acerca do processo de independência do Brasil nas capitanias do antigo norte. Para isso, mobilizo como fontes os seus escritos “Breves notícias da Revolução do Brasil”, “Máximas e pensamentos” e “Viagens e observações de Hum brasileiro”, além de fontes de cotejo, como notícias de jornais e biografias atinentes ao viajante. Por meio da análise dessas narrativas é possível vislumbrar a leitura sobre os meandros do processo de independência do país, a partir da atuação de sujeitos que se encontravam nos sertões do antigo norte do Brasil.

Biografia do Autor

Magno Francisco de Jesus Santos, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Professor do Departamento de História, do Programa de Pós-Graduação em Ensino de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense. Mestre em Educação pela Universidade Federal de Sergipe.

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Publicado

2022-12-30

Como Citar

de Jesus Santos, M. F. (2022). “Vontade de ser útil à minha Pátria, a fazer tinta de escrever”: Antônio Muniz de Souza, os sertões e a Breve notícia da Revolução do Brasil (1820-1822). Revista Maracanan, (31), 129–151. https://doi.org/10.12957/revmar.2022.68980