Os “Acordos de Washington” de 1942 e a criação da Companhia Vale do Rio Doce: apontamentos para uma história transnacional do desenvolvimento brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/revmar.2022.64740

Palavras-chave:

Acordos de Washington (1942). Companhia Vale do Rio Doce. Mineração de Ferro. Segunda Guerra Mundial.

Resumo

Nesse artigo busca-se analisar os entendimentos envolvidos na criação da Companhia Vale do Rio Doce a partir de duas dinâmicas principais: por um lado, a autorização de funcionamento à companhia estrangeira Itabira Iron Ore Company Ltd., proprietária das jazidas no município mineiro de mesmo nome; e, por outro, a iniciativa da criação da companhia estatal de economia mista, favorecida pelas condições existentes no contexto da Segunda Guerra Mundial. Para tal objetivo, aborda-se a implementação dos chamados “acordos de Washington”, de 1942, nos aspectos dizendo respeito à organização da Companhia Vale do Rio Doce, que contaram, desde as primeiras gestões junto ao governo dos Estados Unidos, com a participação de representantes do empresariado e do governo de Minas Gerais. A investigação baseia-se em artigos e reportagens da revista O Observador Econômico e Financeiro sobre o problema da exploração do minério de ferro e da siderurgia em Minas Gerais, editados no período do Estado Novo.

Biografia do Autor

Maria Leticia Correa, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Professora Associada de História do Brasil na Faculdade de Formação de Professores e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutora e Mestre em História pela Universidade Federal Fluminense. Pesquisadora associada do INCT Proprietas.

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Publicado

2022-08-25

Como Citar

Correa, M. L. (2022). Os “Acordos de Washington” de 1942 e a criação da Companhia Vale do Rio Doce: apontamentos para uma história transnacional do desenvolvimento brasileiro. Revista Maracanan, (30), 111–132. https://doi.org/10.12957/revmar.2022.64740