A carnavalização das ruas: micareta de Feira de Santana nos espaços públicos

Miranice Moreira da Silva

Resumo


O presente artigo pretende discutir quais os projetos de cidade e sociabilidades urbanas estava presentes na micareta de Feira de Santana entre o final da década final da década de 1940 e final da década de 1960. Imaginários e representações que estavam em diálogo com o tempo histórico e os projetos de uma sociedade. Trata-se de um exercício historiográfico que parte do entendimento de que os festejos são uma construção social. A micareta, enquanto prática festiva, é composta por pessoas que partem de vários lugares sociais, que disputam e negociam os lugares na memória social e o direito a cidade. Nessa perspectiva, entendo que, através da historicização das manifestações festivas, dos festejos de rua na micareta de Feira de Santana, é possível compreender as formas de estar no mundo bem como os sentidos e significados das práticas festivas. Para construir tal reflexão, parto das construções narrativas dos jornais, em diálogo com a legislação municipal e portarias que regulavam e orientavam a micareta nas ruas da cidade.


Palavras-chave


Cidades; Sociabilidades; Festas; Micareta; Feira de Santana

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DOI: https://doi.org/10.12957/revmar.2022.62190

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