O Verme da Guiné e a Coleção de Helmintos do Instituto Oswaldo Cruz (CHIOC)

Autores

  • Olivia da Rocha Robba Universidade de São Paulo (USP)
  • Keith Valéria Barbosa Professora Adjunta de História da África da Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

DOI:

https://doi.org/10.12957/revmar.2021.57326

Resumo

O artigo tem como objetivo analisar o verme africano coletado por Oswaldo Cruz, o Dracunculus Medinensis Linneaeus, também conhecido como ‘verme da Guiné’, causador da dracunculose, que faz parte da Coleção de Helmintológica do Instituto Oswaldo Cruz (CHIOC) e foi encontrado parasitando o tecido subcutâneo de um homem no início do XX. Pretende-se, a partir desta amostra, discutir a importância das coleções científicas como objeto de estudo para a história das ciências, a presença do verme no Brasil e a ausência da disseminação da doença causada por ele, o que revela a dinâmica da relação entre hospedeiro e parasita no contexto social de transformações do século XIX, período caracterizado pelo intenso circuito transatlântico entre América e África.

 

Palavras-chave: Doença de Escravo; História da Saúde e das Doenças; Dracunculose, Verme da Guiné, Coleções Científicas.

Biografia do Autor

Olivia da Rocha Robba, Universidade de São Paulo (USP)

Bacharel e Licenciada em História pelo UFRJ (IFCS-UFRJ) Especialista em preservação e gestão do Patrimônio das Ciências e da Saúde (COC-FIOCRUZ). Mestre em História das Ciências e da Epistemologia (HCTE-UFRJ) e Doutoranda em História Social (PPGHS-USP). ORCID: 0000-0002-8322-8785

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Publicado

2021-07-08

Como Citar

Robba, O. da R., & Barbosa, K. V. (2021). O Verme da Guiné e a Coleção de Helmintos do Instituto Oswaldo Cruz (CHIOC). Revista Maracanan, (27), 222–239. https://doi.org/10.12957/revmar.2021.57326