Entre a revolução e a barbárie: a matriz durkheimiana de estabilização política em Da divisão social do trabalho (1893-2008)

Autores

  • Diego Martins Dória Paulo Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.12957/revmar.2021.56919

Palavras-chave:

estabilização política, coesão social, Da divisão social do trabalho, Émile Durkheim

Resumo

O presente artigo versa sobre elementos políticos em Da divisão social do trabalho, obra de um dos pais da sociologia, Émile Durkheim. Destaco a preocupação com a definição de funções sociais para a divisão do trabalho. O respeito às hierarquias resultantes da especialização dos ofícios se desdobraria, para o autor, no estágio normal de funcionamento em sociedades de solidariedade orgânica, o que não é mais do que afirmar o caráter sacrossanto da divisão de classes sociais. Na segunda parte do artigo, observaremos como esta teoria foi instrumentalizada para a definição de um conjunto de políticas devotadas a garantirem a estabilização política em época de acirramento das contradições no capitalismo. Sobretudo desde os anos 1990, think tanks europeus aplicam receituários baseados na idealização de uma sociedade coesa. O sucesso relativo da empreitada estimulou que organizações similares fizessem o mesmo na América Latina, incluindo a Comissão Econômica Para a América Latina, que tem intermediado as trocas de tecnologias políticas entre entidades burguesas do novo e do velho mundos.

Biografia do Autor

Diego Martins Dória Paulo, Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutor em História Social pela Universidade Federal Fluminense, professor substituto do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro

 

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Publicado

2021-07-08

Como Citar

Paulo, D. M. D. (2021). Entre a revolução e a barbárie: a matriz durkheimiana de estabilização política em Da divisão social do trabalho (1893-2008). Revista Maracanan, (27), 287–304. https://doi.org/10.12957/revmar.2021.56919