Os agentes não humanos na construção da paisagem da Cidade-Parque: História da arborização de Brasília (1960-1980)
DOI:
https://doi.org/10.12957/revmar.2021.54470Palavras-chave:
História Ambiental Urbana, Arborização Urbana, Agência Não Humana, História Regional do Distrito Federal, BrasíliaResumo
O presente artigo explora a influência exercida pelo meio ambiente nos rumos da história de Brasília, a partir de desdobramentos das atividades de arborização da capital federal. A investigação buscou reunir narrativas de periódicos locais, os jornais Correio Braziliense e Jornal de Brasília, acerca do processo de arborização cujos responsáveis eram os funcionários do Departamento de Parques e Jardins, ou DPJ, que atuavam no ambiente local a partir de uma visão utilitarista da natureza e tentativas de controle absoluto. Diante das dificuldades para concluir as atividades de verdejamento da nova capital, o bioma local, o Cerrado, era constantemente apontado pela mídia e pelo DPJ como o verdadeiro obstáculo que deveria ser combatido e modificado por mãos humanas. Após a primeira década desde o início do processo de arborização, houve um evento de desequilíbrio ecológico, na década de 1970, de grandes proporções e com repercussões sociais, políticas e ambientais. As mudanças efetuadas posteriormente nas técnicas de arborização de Brasília romperam, de certa maneira, com o que fora feito desde o ano de inauguração e buscava integrar de forma mais harmoniosa o ecossistema da natureza urbana. Portanto, é possível concluir que as árvores, e outros elementos não humanos atuaram, ao lado de seres humanos, como agentes, em um sentido específico, na construção da história de Brasília.
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