Jacobinos da Amazônia: nacionalismo, trabalho e violência no Pará (1890-1920)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/revmar.2021.53483

Palavras-chave:

Nacionalismo, Antilusitanismo, Revoltas

Resumo

Este artigo trata das tensões entre nacionais e estrangeiros em Belém do Pará nas primeiras décadas da República. A presença significativa de imigrantes, em grande parte portugueses na cidade de Belém, proporcionou o acirramento de tensões étnicas, onde nacionalismo transfigurou-se em antilusitanismo. O projeto republicado de modernização e consolidação de uma identidade nacional, por meio da missão do cruzador José Bonifácio de nacionalização da pesca no litoral brasileiro adensou as tensões entre trabalhadores, levando em 1920 a um ataque a várias casas comerciais de estrangeiros em Belém, incluído o apedrejamento do consulado português. Os periódicos paraenses designaram os envolvidos como “jacobinos” pelo seu caráter violento. Neste sentido analisamos a difusão dessas ideias nacionalistas entre os anos de 1890 a 1920 no Pará e as implicações no mundo do trabalho amazônico.

Biografia do Autor

Marcelo Ferreira Lobo

Pesquisador Independente. Doutor e Mestre em História Social da Amazônia e graduado em História pela Universidade Federal do Pará.

Aline de Kassia Malcher Lima, Universidade Federal do Pará

Mestranda em História Social da Amazônia na Universidade Federal do Pará. Especialista em Relações Étnico-Raciais para o Ensino Fundamental e graduada em História pela Universidade Federal do Pará. Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.

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Publicado

2021-01-29

Como Citar

Lobo, M. F., & Lima, A. de K. M. (2021). Jacobinos da Amazônia: nacionalismo, trabalho e violência no Pará (1890-1920). Revista Maracanan, (26), 119–145. https://doi.org/10.12957/revmar.2021.53483