Tráfico de escravos e escravidão na trajetória do Barão de Nova Friburgo – século XIX

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/revmar.2020.49366

Palavras-chave:

Barão de Nova Friburgo, Tráfico de Escravos, Demografia Escrava, Vale do Paraíba, Cafeicultura Escravista

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo analisar a construção e as características do enorme plantel de escravos do Barão de Nova Friburgo ao longo do século XIX. Localizado entre as vilas de Cantagalo e Nova Friburgo, o conjunto de cativos do Barão começou a se formar com a participação do personagem no tráfico transatlântico de escravos. Tal atividade se desenvolveu exclusivamente durante o período de legalidade e nossa hipótese central aponta que o comércio de escravos foi o responsável pela formação de um plantel de 2180 cativos divididos entre quinze propriedades rurais. Após a análise do tráfico de escravos, passamos a analisar as características demográficas do império escravista angariado pelo Barão. Os principais aspectos analisados foram as relações entre os sexos nas escravarias, a produtividade das fazendas cafeeiras e a possibilidade de reprodução natural dos cativos. Os dois aspectos abordados, o tráfico de escravos e a demografia das fazendas, nos permite expandir a compreensão da formação e das características inerentes aos vastos plantéis de escravos do Vale do Paraíba.

Biografia do Autor

Rodrigo Marins Marretto, Pesquisador Independente

Doutor e Mestre em História pela Universidade Federal Fluminense; Especialista em História do Brasil pela Universidade Cândido Mendes; graduado em História pela Faculdade de Filosofia Santa Doroteia.

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Publicado

2020-09-30

Como Citar

Marretto, R. M. (2020). Tráfico de escravos e escravidão na trajetória do Barão de Nova Friburgo – século XIX. Revista Maracanan, (25), 272–306. https://doi.org/10.12957/revmar.2020.49366