Quando os súditos se convertem em soldados: O pacto político ao Norte e ao Sul da América Portuguesa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/revmar.2021.48652

Palavras-chave:

Defesa, Fronteiras, Projeto Militar Pombalino

Resumo

Diante das crescentes tensões vividas na Europa, resultantes da Guerra dos Sete Anos (1756-1763), fazia-se indispensável aumentar a capacidade defensiva tanto no Reino de Portugal, como, também, no Estado do Brasil, sua principal terra colonial. O primeiro-ministro de D. José, Marques de Pombal, lança um ambicioso programa de reformas militares: reparação de fortificações, melhoria do exército regular e reforma das milícias. Pretendemos neste artigo, fazer uma analise da estratégia “Povoar para Defender” no contexto da segunda metade do século XVIII, mais especificamente no interior da política militar pombalina na região do Macapá, considerada pela administração central um território de risco. Utilizaremos uma perspectiva comparativa das regiões Norte e Centro-sul da América a fim de obter uma compreensão mais ampla da política militar utilizada pela Coroa Lusitana nas suas possessões ultramarina.

Biografia do Autor

Christiane Figueiredo Pagano de Mello, Universidade Federal de Ouro Preto

Professora Associada da Universidade Federal de Ouro Preto, Departamento de História. Doutora em História Social pela Universidade Federal Fluminense; Mestre em História Social da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; graduada em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

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Publicado

2021-01-29

Como Citar

de Mello, C. F. P. (2021). Quando os súditos se convertem em soldados: O pacto político ao Norte e ao Sul da América Portuguesa. Revista Maracanan, (26), 385–411. https://doi.org/10.12957/revmar.2021.48652