Os artífices do poder: mecanismos de ascensão social em Guarapiranga (MG), 1715-1820

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/revmar.2020.48193

Palavras-chave:

Elites Locais, Guarapiranga (MG), Ascensão Social, Redes Familiares

Resumo

O presente trabalho tem como intuito analisar as mudanças conjunturais, políticas, sociais e econômicas, no século XVIII e início XIX (1715 a 1820), experimentadas por indivíduos que se dedicaram ao comércio, nas Minas Gerais. Por intermédio de inventários post-mortem, processos matrimoniais, cartas patentes do Arquivo Histórico Ultramarino e documentos do Arquivo da Torre do Tombo, a pesquisa analisa alguns sujeitos da freguesia que instituíram redes de negócios, alianças familiares e demais estratégias para ascenderem socialmente e adquirirem poder e distinção. Para tanto, observamos a riqueza material que conquistaram e o poder imaterial, como benesses, privilégios, comendas, mercês, ofícios que obtiveram ao longo de suas trajetórias com o propósito de participarem do rol dos grandes e importantes senhores na região. Observamos que esses indivíduos e suas famílias mantiveram no início do oitocentos os mesmos mecanismos empregados ao longo do setecentos, como alianças, obtenção de concessões, mercês, privilégios e aquisição de riquezas para se conservarem entre a camada mais abastada da população. Embora regidos por um sistema político que procurava se diferenciar e de ideais liberais, os habitantes de Minas no início do XIX, perpetuaram os mesmos padrões de hierarquização, exclusão e domínio do século XVIII.

Biografia do Autor

Débora Cristina Alves, Universidade Federal de Juiz de Fora

Professora Substituta do Colégio de Aplicação João XXIII da Universidade Federal de Juiz de Fora. Doutora e Mestre em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora; graduada em História pela Universidade Federal de Viçosa.

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Publicado

2020-09-30

Como Citar

Alves, D. C. (2020). Os artífices do poder: mecanismos de ascensão social em Guarapiranga (MG), 1715-1820. Revista Maracanan, (25), 230–249. https://doi.org/10.12957/revmar.2020.48193