Do jornal para as telas: do discurso jornalístico à narrativa de memória sobre a guerra da Cidade de Deus

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/revmar.2020.47749

Palavras-chave:

Cidade de Deus, Favelas, Tráfico de Drogas, Violência Urbana, Rio de Janeiro

Resumo

A Cidade de Deus é um conjunto habitacional construído no início dos anos 1960 para abrigar moradores de favelas removidas, principalmente, da zona sul carioca. Desde então, se tornou uma das favelas mais famosas da cidade, tendo sido palco entre um confronto armado entre traficantes locais na virada dos anos 1970 para 1980. Esse episódio foi de ampla repercussão na imprensa da época, tendo se tornado o tema de um filme de 2002 com ampla repercussão internacional. Assim, o objetivo deste trabalho é comparar a cobertura jornalística com a narrativa do filme, entendendo como o segundo pode ser considerado um discurso de memória, a partir das diferenças das representações presentes em cada caso.

Biografia do Autor

Mauro Amoroso, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Professor Adjunto da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, atuando no curso de graduação em Pedagogia, no Programa de Pós-graduação em Educação, Comunicação e Cultura em Periferias Urbanas e no Programa de Pós-graduação em Cultura e Territorialidades. Doutor em História, Política e Bens Culturais pela Fundação Getúlio Vargas; Mestre e graduado em História pela Universidade Federal Fluminense.

Gustavo Romano, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Mestre em Educação, Comunicação e Cultura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro; graduado em História pela Universidade Veiga de Almeida.

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Publicado

2020-05-31

Como Citar

Amoroso, M., & Romano, G. (2020). Do jornal para as telas: do discurso jornalístico à narrativa de memória sobre a guerra da Cidade de Deus. Revista Maracanan, (24), 475–500. https://doi.org/10.12957/revmar.2020.47749