Um negociante das “Terras Frias”: uma análise das estratégias de aquisição fundiária do português Antonio José Mendes (Nova Friburgo, 1860-1914)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/revmar.2020.44838

Palavras-chave:

Nova Friburgo, Região, Imigração Portuguesa, Propriedade Rural.

Resumo

Este artigo tem como objetivo entender o processo de ocupação territorial de uma parcela do atual município de Nova Friburgo, ainda pouco estudada: as chamadas “Terras Frias”, que durante grande parte do século XIX, abrangeram localidades, hoje, também pertencentes a Sumidouro e a Teresópolis. Para tal, realiza-se o estudo de caso do negociante português Antonio José Mendes (1822-1921), patriarca da família, que acumulou grande quantia de terra para os padrões locais. Por meio da investigação onomástica em fontes cartoriais, documentos religiosos e privados, recupera-se a trajetória de uma linhagem importante para aquele território. Dessa forma, o trabalho se divide em três partes: primeiramente, apresenta-se o estado das pesquisas sobre aquela territorialidade e sobre a presença de imigrantes portugueses na cidade; em seguida, realiza-se uma caracterização da área estudada, compreendida, aqui como uma região de abastecimento de criação, marcada pela presença de famílias de origem portuguesa; por fim, examinam-se as estratégias econômicas utilizadas por Mendes para a composição de seus bens e acúmulo de propriedades.

Biografia do Autor

Gabriel Almeida Frazão, Instituto Federal Fluminense

Professor de História do Instituto Federal Fluminense, Campus Cambuci. Pesquisador em Estágio de Pós-doutorado no Instituto de História da Universidade Federal Fluminense. Doutor em Sociologia Rural pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; Mestre, Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Federal Fluminense.

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Publicado

2020-01-17

Como Citar

Frazão, G. A. (2020). Um negociante das “Terras Frias”: uma análise das estratégias de aquisição fundiária do português Antonio José Mendes (Nova Friburgo, 1860-1914). Revista Maracanan, (23), 59–82. https://doi.org/10.12957/revmar.2020.44838