Índio do Brasil: um sujeito entre o discurso jurídico e o discurso médico-psiquiátrico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/revmar.2020.43190

Palavras-chave:

Crime, Loucura, Justiça, Psiquiatria

Resumo

No ano de 1927, o assassinato de dois jovens na Ilha do Ribeiro, perto da Estrada da Tijuca, marcaria a história da justiça criminal brasileira. Dadas as características semelhantes dos dois crimes, que ocorreram num intervalo de poucos dias, a polícia armou investigação chegando a um suspeito: Febrônio Índio do Brasil. O mais interessante neste caso é que o que estava em jogo não era a pessoa de Febrônio, mas as regras sociais e as doutrinas que formavam a complexa relação entre ciências jurídicas e médicas no Brasil naquele período. Neste sentido, a história de Febrônio Índio do Brasil nos possibilita pensar não somente a relação entre crime e loucura, mas, sobretudo, o lugar assumido pela medicina mental na justiça criminal brasileira naquela época.

Biografia do Autor

William Vaz Oliveira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Professor Adjunto, da área de História, do Departamento de Ciências Humanas e Filosofia do Colégio de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutor em História Social pela Universidade Federal Fluminense; Mestre em História Social pela Universidade Federal de Uberlândia; graduado em Historia e em Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia.

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Publicado

2020-01-17

Como Citar

Oliveira, W. V. (2020). Índio do Brasil: um sujeito entre o discurso jurídico e o discurso médico-psiquiátrico. Revista Maracanan, (23), 206–220. https://doi.org/10.12957/revmar.2020.43190