Do “mercado imperfeito”: sobre corpos, africanos e médicos no Rio de Janeiro oitocentista
DOI:
https://doi.org/10.12957/revmar.2019.40196Palabras clave:
Escravidão Atlântica, Corpo, MédicosResumen
Neste artigo abordamos algumas construções tópicas sobre o corpo africano na primeira metade do século XIX. Consideramos as décadas de 30 a 50 – contextos de expansão econômica e entrada massiva de africanos na cidade do Rio de Janeiro – enquanto importantes na constituição da ideia de corpo para os africanos escravizados, nas suas dimensões físicas e corporais. Com base em séries de anúncios de jornais, de registros policiais, de relatos de viajantes e manuais agrícolas escritos por médicos analisamos as montagens de algumas narrativas sobre o corpo dos africanos, argumentando como vários sinais diacríticos foram acionados por mercadores, senhores, médicos e agentes policiais.
Citas
ALENCASTRO, Luís Felipe de. O Trato dos Viventes: A formação do Brasil no Atlântico sul. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
ARAUJO, Carlos Eduardo Moreira. Cárceres imperiais: a Casa de Correção do Rio de Janeiro: seus detentos e o sistema prisional no Império, 1830-1861. 2009. Tese (Doutorado em História) – Programa de Pós-graduação em História, Universidade Estadual de Campinas, Campinas (SP).
BERNIER, Celeste-Marie. “Arms Like Polished Iron”: The Black Slave Body in Narratives of a Slave Ship Revolt. In: WIEDEMANN, Thomas; GARDNER, Jane (orgs.). Representating the Body of Slave. Londres; Portland: Frank Cass, 2002.
BORUCKI, Alex. Shipmate networks and Black Identities in the Marriage Files on Montivideo, 1768-1803. Hispanica American Historical Review, v. 93, n. 2, p. 205-238, maio 2013.
CANDIDO, Mariana P. African Freedom Suits and Portuguese Vassal Status: Legal Mechanisms for Fighting Enslavement in Benguela, Angola, 1800 1830. Slavery & Abolition, v. 32, p. 447-459, 2011.
CANDIDO, Mariana P. Slave Trade and New Identities in Benguela, c. 1700-1860. Portuguese Studies Review, v. 19, p. 43-59, 2011.
CHALHOUB, Sidney. A Força da Escravidão: Ilegalidade e Costume no Brasil oitocentista. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
FAURE, Olivier. O olhar dos médicos. In: CORBAIN, Alain; COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELO, Georges. História do Corpo. Vol. 2: Da Revolução à Grande Guerra. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
FERREIRA, Roquinaldo Amaral. Brasil e Angola no Tráfico Ilegal de Escravizados, 1830-1860. In: PANTOJA, Selma; SARAIVA, José Flávio Sombra (orgs.). Angola e Brasil nas rotas do Atlântico Sul. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
FERREIRA, Roquinaldo Amaral. Fazendas em trocas de escravizados: circuitos de créditos nos sertões de Angola, 1830-1860. Afro-Asiáticos, Rio de Janeiro, CEAA/UCAM, v. 28, p. 75-96, [s.d.].
FERREIRA, Roquinaldo. Cross-Cultural Exchange in the Atlantic World: Angola and Brazil during the Era of the Slave Trade. New York: Cambridge University Press, 2012.
FLORENTINO, Manolo Garcia. Em Costas Negras: Um estudo sobre o tráfico atlântico de escravizados para o Porto do Rio de Janeiro, 1790-1830. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
FREYRE, Gilberto. O Escravo nos Anúncios de jornais brasileiros do século XIX. 2ª ed. (ampliada). Rio de Janeiro; Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional; Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, 1979.
GOMES, Flávio dos Santos. “Atlantic Nations” and the Origins of Africans in Late-colonial Rio de Janeiro: New Evidence. Colonial Latin American Historical Review, v. 20, p. 213-231, 2011.
GOMES, Flavio dos Santos. A demografia atlântica dos africanos no Rio de Janeiro, séculos XVII, XVIII e XIX: algumas configurações a partir de registros eclesiásticos. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 19, p. 81-106, 2012.
GOMES, Flavio dos Santos. Escravidão. In: SANSONE, Livio; FURTADO, Claudio Alves (orgs.). Dicionário crítico das Ciências Sociais dos países de fala oficial portuguesa. Salvador: Ed. UFBA, 2014.
GOMES, Flavio dos Santos. História, historiadores, ensino e pesquisa em História da Escravidão e da Pós-emancipação. Revista ABPN, v. 8, p. 296-315, 2016.
JOHNSON, Walter. Soul by Soul. Life inside the Antebellum Slave market. Cambridge, MASS: Harvard University Press, 1999.
KARASCH, Mary. A Vida dos Escravos no Rio de janeiro (1808-1850). São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
KLEIN, Herbert S. American Slavery in Recent Brazilian Scholarship, with Emphasis on Quantitative Socio-economic Studies. (Review Essay). Slavery & Abolition, v. 30, n. 1, p. 111-133, 2009.
KLEIN, Herbert S.; LUNA, Francisco Vidal. Escravismo no Brasil. São Paulo: Ed. USP; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010.
LIMA, Silvio Cezar. O corpo escravo como objeto de práticas médicas no Rio de Janeiro (1830-1850). 2011. Tese (Doutorado em História das Ciências e da Saúde) – Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro.
LOVEJOY, Paul E. Identifying enslaved africans in the African Diaspora. In: Identity in the shadow of Slavery. London; New York: Continium, 2001.
MAMIGONIAN, Beatriz. Africanos livres: Abolição do tráfico de escravos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
MANN, Kristin. Shifting paradigms in the Study of the African Diaspora and od Atlantic History and Culture. Slavery & Abolition, v. 22, n. 1, p. 3-21, 2001.
MARQUES, Leonardo. A participação norte-americana no tráfico transatlântico de escravos para os Estados Unidos, Cuba e Brasil. História: Questões e Debates, v. 52, p. 91-117, 2010.
MARQUES, Leonardo. O tráfico interestadual de escravos nos Estados Unidos em suas dimensões globais, 1808-1860. Tempo, Universidade Federal Fluminense, v. 23, p. 339-359, 2017.
MARQUES, Leonardo. The United States and the Transatlantic Slave Trade to the Americas. Nova Iorque; New Haven: Yale University Press, 2016.
MARQUES, Leonardo. Um último triângulo notório: contrabandistas portugueses, senhores cubanos e portos norte-americanos na fase final do tráfico transatlântico de escravos, 1850-1867. Afro-Ásia, UFBA, v. 53, p. 45-83, 2016.
MARQUESE, Rafael Bivar. Feitores do corpo, missionários da mente: Senhores, letrados e o controle dos escravos nas Américas, 1660-1860. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
MARQUESE, Rafael de Bivar. O Vale do Paraíba cafeeiro e o regime visual da segunda escravidão: o caso da fazenda Resgate. Anais do Museu Paulista, São Paulo, v. 18, n. 1, jan.-jun. 2010.
MARQUESE, Rafael de Bivar; SALLES, Ricardo. A escravidão no Brasil oitocentista: história e historiografia. In: MARQUESE, Rafael de Bivar; SALLES, Ricardo (orgs.). Escravidão e capitalismo histórico no século XIX: Cuba, Brasil e Estados Unidos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.
MARSHALL, Amani. “They Will Endeavor to pass for Free”: Enslaved Runaways´s Performances of Freedom in Atebellum South Carolina. Slavery & Abolition, v. 21, n. 2, p. 161-180, jun. 2010.
MILLER, Joseph. Angola central e sul por volta de 1840. Afro-Asiáticos, Rio de Janeiro, CEAA/UCAM, v. 32, p. 7-54, [s.d.].
MORGAN, Jennifer L. Laboring. Reproduction and gender. In: New Wordl Slavery. Filadélfia: University of Pennsylvania Press, 2004.
MORGAN, Philip D. The Cultural Implications of the Atlantic Slave: African Regional Origins, American Destinations and New World Developments. Slavery & Abolition, v. 18, n. 1, 1997.
NOGUEIRA, André. Universos coloniais e “enfermidades dos negros” pelos cirurgiões régios Dazille e Vieira de Carvalho. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 19, p. 179-196, 2012.
QUEIROZ, Suely Robles Reis de. Rebeldia escrava e historiografia. Estudos econômicos, v. 17, n. especial, p. 7-35, 1987.
RODRIGUES, Jaime. De Costa a costa: escravos, marinheiros e intermediários do tráfico negreiro de Angola ao Rio de Janeiro, 1780-1860. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
SCHWARTZ, Stuart B. Recent trends in the study of slavery in Brazil. Luso- Brazilian Review, v. 25, n. 1, p. 1-25, 1988.
SELA, Eneida Maria Mercadante. Modos de ser, Modos de ver. Viajantes europeus e escravos africanos no Rio de Janeiro (1808-1850). Campinas, SP: Ed. UNICAMP, 2008.
SLENES, Robert W. Lares Negros, Olhares Brancos: Histórias da Família Escrava no século XIX. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 8, n. 16, 1988.
SLENES, Robert W. “Malungo Ngoma vem!”: África coberta e descoberta no Brasil. Revista USP, São Paulo, v. 12, 1991-1992.
SLENES, Robert W. Na senzala, uma flor: esperanças e recordações na formação da família escrava, Brasil, Sudeste, século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
TAUNAY, Affonso de E. No Brasil de 1840. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 1935.
TELLES, Lorena Féres da S. Teresa Benguela e Felipa Crioula estavam grávidas: maternidade e escravidão no Rio de Janeiro (século XIX). 2019. Tese (Doutorado em História) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.
THORNTON, John. As Guerras civis no Congo e o tráfico de escravizados: a história e a demografia de 1718 a 1844 revisitadas. Afro-Asiáticos, Rio de Janeiro, CEAA/UCAM, v. 28, p. 55-74, [s.d.].
VIANA, Iamara da Silva. Jean-Baptiste Alban Imbert: discurso médico e controle social sobre populações escravas, Rio de Janeiro (1830-1850). 2016. Tese (Doutorado em História) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
WALSH, Robert. Notícias do Brasil (1828-1829). Belo Horizonte; São Paulo: Itatiaia; Ed. USP, 1985.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à Revista Maracanan o direito de publicação, sob uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, a qual permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original.
Os dados e conceitos abordados são da exclusiva responsabilidade do autor.
A Revista Maracanan está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.